Fonoaudiologia para prevenir manias de infância


03 de dezembro de 2015


Notícia publicada na edição nº 48 do Saúde Informa

Tratamento fonoaudiológico pode evitar que alguns hábitos vistos como manias de infâncias causem problemas de saúde graves

 

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Foto: reprodução internet

Chupar os dedos, por exemplo, pode indicar ou gerar problemas de desequilíbrio na região da boca e da face. Mas, quando controlados desde cedo, os efeitos na vida adulta podem ser minimizados. Por isso, a intervenção de um fonoaudiólogo desde a infância é fundamental.

Na fonoaudiologia, é a motricidade orofacial a responsável por esse cuidado. O respectivo campo estuda a musculatura dos lábios, língua, bochechas e face. Por meio dele, o profissional intervém para que as funções relacionadas a essas áreas sejam desempenhadas adequadamente, atuando, principalmente, na respiração, mastigação, deglutição, fala e sucção.

Segundo a professora Andrea Motta, do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, a ansiedade, muitas vezes, é a causa dessas manias. “Quanto menor é a criança, mais esses comportamentos estão associados a um tratamento motor oral. Mas, quanto mais o tempo vai passando, isso se torna um mecanismo de alívio de tensão e ansiedade.”, afirma.

Para ela, a participação dos pais também é essencial e nem sempre será necessário um tratamento mais intenso. “Estes hábitos podem ser retirados pelos pais quando acontecem cedo. Se o caso da criança for simples e ela for pequena, é possível fazer intervenções pontuais”, comenta.

Hábitos comuns

A chupeta e a mamadeira são culturalmente oferecidas a todas as crianças, mas seu uso prolongado pode ter desdobramentos na vida adulta. A Organização Mundial da saúde recomenda que, se oferecidas, devem ser retiradas no máximo até os dois anos de idade. “O que é muito necessário é a sucção da mama, do leite materno. Nem todas as crianças precisam de chupeta”, destaca Andrea. “As crianças mais velhas têm hábitos associados à mordedura. Elas ficam constrangidas com o hábito de sucção e passam a roer unha e morder objetos. Até a vida adulta estão sempre com caneta na boca ou mordendo o lápis”, continua.

Outro hábito, mas sobre o qual pouco se fala, é a mastigação errada. Andrea diz que o volume da mastigação, quando muito alto ou muito baixo, pode indicar que há algo errado. “As pessoas, na pressa, ao mastigarem muito rápido, não dão tempo para que seja feita uma atividade muscular adequada. Essa musculatura orofacial é como a musculatura do corpo, tem que ser trabalhada e estimulada”, esclarece. “É importante que nós mastiguemos de um lado e depois passemos para o outro, senão pode sobrecarregar a musculatura de um dos lados”, adverte.

Tratamento

O tratamento envolve fonoaudiólogo e começa com a conscientização. A professora comenta que práticas como passar a pimenta nas unhas da criança, por exemplo, geralmente não funcionam em longo prazo. A motivação para abandonar os hábitos e a tentativa de autocontrole são mais eficazes tanto em crianças, que também podem contar com o monitoramento dos pais, quanto em adultos.

Além disso, Motta conta que passa um treino da função mastigató- ria e orientação em terapia para que a família faça em casa. “Se percebermos algum outro comprometimento, podemos propor exercícios específi cos para cada alteração que encontrarmos”, conclui.

 

Hábitos que podem requerer uma atenção maior dos pais e, se necessário, uma consulta ao fonoaudiólogo:

Morder objetos, lábios ou a bochecha por dentro: Não é algo esperado em nenhuma fase do desenvolvimento;

 Preferência por comidas muito moles: Pode indicar que a criança não está estimulando essa região. Crie uma alternativa com algo externo para fazer o papel que deveria ser feito pela mastigação do alimento;

Levar o mesmo dedo à boca: Bebês costumam explorar bastante, por isso sugam parte da mão. O problema é quando levam apenas um dedo, repetidamente.

Apertar os dentes: É mais comum em adulto. É um tipo de bruxismo que leva a consequências graves. É bom ficar atento desde pequeno.