Hepatite: doença silenciosa

Saúde com Ciência destaca os tipos de hepatite, que, em geral, não apresentam sintomas. Quadros infecciosos podem evoluir para problemas mais graves


22 de julho de 2016


Saúde com Ciência destaca os tipos de hepatite, que, em geral, não apresentam sintomas. Quadros infecciosos podem evoluir para problemas mais graves

ImpressãoAs hepatites virais são doenças causadas por vírus que acometem o fígado – a Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 400 milhões de pessoas estão infectadas pelos tipos A, B ou C. O número, contudo, pode ser ainda maior, já que a infecção se caracteriza por ser assintomática, o que dificulta a realização do diagnóstico.

“A pessoa pode apresentar um quadro brando, que parece uma gripe, um mal estar passageiro, e esse pode ser apenas um sinal que a pessoa se infectou com hepatite”, afirma o infectologista e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Dirceu Greco. “Depois de anos silenciosa, a doença pode se tornar crônica, sendo uma das principais causas de câncer no fígado”, alerta o professor.

A hepatite A é transmitida pela ingestão de água ou alimentos contaminados por matérias fecais contendo o vírus, atingindo principalmente as crianças. Apesar de ser considerada assintomática, sintomas como fadiga, náusea, vômito e dor muscular costumam estar associados à doença. Raramente ela se desenvolve para um quadro mais grave, de modo que o próprio sistema imunológico busca se livrar do vírus, o que torna a pessoa imune.

Já a hepatite B é transmitida de duas formas: via sanguínea, com menor frequência, e por meio de relações sexuais. Seus possíveis sintomas são semelhantes aos do vírus A e Dirceu Greco lembra que o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza vacinas contra ambos os tipos: “Se a população toda for vacinada, as doenças são elimináveis. A imunização é praticamente pela vida toda, mas alguns indivíduos podem precisar de uma dose de reforço”.

A hepatite C é a que causa maior preocupação, uma vez que não há vacina contra o vírus, que também pode ser transmitido por via sanguínea e pelo uso de seringas intravenosas compartilhadas. Aparentemente, essa transmissão ainda pode ocorrer via relações sexuais, mas com uma frequência baixa se comparada ao tipo B e ao HIV/Aids. O professor Dirceu ressalta a importância do uso de preservativos, já que as doenças sexualmente transmissíveis potencializam as consequências da hepatite. “Em qualquer relação sexual não protegida, a pessoa está entrando em uma situação de risco. Se não nos convencermos que, nesse momento, quem toma conta da gente somos nós mesmos, haverá riscos maiores”, determina.

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Hepatites virais acometem o fígado. Crédito da foto: www.rimainfectologia.com.br

Hepatite crônica

Caso o indivíduo manifeste a hepatite do tipo B ou C por mais de seis meses, a doença tende a se desenvolver para um quadro mais grave: a hepatite crônica. A hepatologista e professora da Faculdade de Medicina, Rosângela Teixeira, observa que o tipo crônico pode evoluir para situações ainda mais graves. “Nesse processo de cronificação, muitas dessas hepatites crônicas evoluem silenciosamente por anos, para doenças mais graves, como cirrose e câncer no fígado”, diz.

Essa detecção é complexa, com o agravante de que, geralmente, a doença surge em um estágio de vida mais avançado. Se a pessoa apresentar alguma disfunção no fígado, seja ela causada por hepatites virais ou doenças autoimunes, a professora recomenda procurar uma unidade básica de saúde para realização de testes de hepatites virais. Sobre o tratamento, ela conclui: “Cada um dos tipos de hepatite tem uma abordagem terapêutica muito específica, que vai depender da causa de cada uma. Não dá para generalizar, cada uma das hepatites crônicas tem um tratamento específico”.

Sobre o programa de rádio

O Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 177 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.