Hiperexposição ao ambiente virtual pode provocar exaustão mental
25 de janeiro de 2021 - ansiedade, coronavírus, Exposição, Informação, pandemia, saúde mental, sono, Tecnologia, transtorno de ansiedade
As restrições de circulação impostas pela crise sanitária deflagrada pelo novo coronavírus exponenciaram não só o consumo de informações, mas também o uso das plataformas digitais na vida cotidiana. Com a adoção do distanciamento social como uma das principais medidas para contenção da pandemia, as ferramentas de videoconferência tornaram-se essenciais para o trabalho e o ensino remotos e para o contato com familiares e amigos. Somada ao uso – já antes significativo – das redes sociais e à necessidade de manter-se informado a respeito da pandemia, a adoção desses recursos pode causar exaustão mental.
A psiquiatra e professora do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG Tatiana Mourão lembra que as consequências do excesso de exposição ao ambiente virtual para a saúde mental não são um tema recente. No entanto, a hiperexposição causada pela pandemia pode trazer consequências também em médio e longo prazo.
A realidade imposta pela pandemia demandou uma mudança abrupta de hábitos, estilo de vida e formas de socialização. Tatiana Mourão argumenta que a velocidade com que as pessoas foram obrigadas a se adaptar ao novo contexto também é um fator estressor. “Precisamos de tempo para processar certas mudanças. Precisamos de movimento, de mudança de ambiente e, de repente, nos vimos confinados”, lembra.
Economia da atenção
Outro fator importante é que o consumo de informação e de entretenimento no ambiente virtual ocupa um papel tão importante na vida cotidiana que a disputa passa a ser mais pela atenção do que pelo tempo dedicado a cada atividade. A avaliação é do professor da Escola de Belas Artes e pesquisador do Rest – Estudos de Redes Sociotécnicas da UFMG – André Goes Mintz. “Muitas vezes consumimos vários produtos concomitantemente, e a atenção se torna algo escasso. ‘Economia da atenção’ é o nome que se dá a essa disputa”, afirma.
As plataformas de redes sociais funcionam hoje como um cruzamento de serviços, informação, entretenimento e comunicação interpessoal. Por meio delas, as pessoas fazem compras, contratam serviços, consomem notícias, interagem com amigos, assistam a filmes e ouvem música – em alguns casos, é possível fazer tudo isso em uma única ambiência.
“As mídias sociais cumprem múltiplas funções na nossa vida, e, durante a pandemia, isso se agravou. No contexto do confinamento, essas práticas passaram a ser ainda mais mediadas pelas tecnologias digitais, principalmente por essas plataformas, que hoje ocupam espaço ainda maior na nossa vida social”, diz André Mintz.
Texto: Centro de Comunicação da UFMG
Equipe TV UFMG: Vitória Fonseca (produção), Yves Vieira (reportagem), Otávio Zonatto (edição de imagens) e Renata Valentim (edição de conteúdo)