Idoso ativo na sociedade e mercado de trabalho
Pesquisadora busca conhecer trabalhadores adultos para estudar permanência de idoso no mercado
20 de agosto de 2015
Notícia publicada no Saúde Informa
Pesquisadora busca conhecer trabalhadores adultos para estudar permanência de idoso no mercado
Estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina da UFMG aponta que a escolaridade e a autoavaliação da saúde foram os fatores mais consistentemente associados à condição de ter trabalho remunerado entre homens e mulheres com idade de 50 a 69 anos. Ou seja, homens e mulheres na faixa etária de transição para a aposentadoria apresentaram escolaridade igual ou superior a oito anos de estudo e não perceberam sua saúde como ruim.
Diante dos desafios oriundos do envelhecimento populacional, a fisioterapeuta Camila Castro, autora da dissertação de mestrado defendida junto ao Programa de Pós-graduação em Saúde Pública, acredita na necessidade de conhecer os fatores relacionados à permanência do idoso no mercado de trabalho. “É relevante entender quais fatores estão associados para que possam ser propostos programas e políticas para incentivar o idoso a trabalhar e se manter ativo na sociedade”, afirma Camila, também especialista em geriatria e gerontologia.
Foi com essa motivação que ela avaliou os fatores sociodemográficos e os indicadores de saúde associados ao trabalho remunerado, indicando a diferença entre os gêneros. Para isto utilizou uma amostra probabilística de 3.320 indivíduos com idade entre 50 a 69 anos, residentes na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Escolaridade e autoavaliação da saúde são fatores associados ao trabalho remunerado em pessoas de 50 a 69 anos. Foto: stockphotos.io
Métodos e resultados
Para a dissertação, Camila Castro utilizou como banco de dados o Inquérito de Saúde da Região Metropolitana de Belo Horizonte, conduzido entre maio e junho de 2010. As variáveis incluíram características sociodemográficas (idade, sexo, escolaridade, local de residência e situação conjugal); indicadores de saúde (presença de doenças crônicas e autoavaliação da saúde); e os comportamentos em saúde (consumo abusivo de álcool, tabagismo atual e prática de atividade física). Também considerou a discriminação no ambiente de trabalho.
Além dos mencionados anteriormente, a pesquisa apresentou como resultado a menor prevalência de trabalho remunerado para homens e mulheres sedentários e maior prevalência para quem faz consumo abusivo de álcool. “A associação em relação ao álcool tem que ser analisada como um comportamento cultural, tendo em conta a heterogeneidade dos modos de consumo e das razões, crenças, valores, rituais e estilos de vida”, destaca Castro. “Nossos resultados reforçam a necessidade de medidas de prevenção primária, sugerindo que o consumo abusivo de álcool deva estar na pauta das atividades de saúde do trabalhador”, completou.
Já em relação às principais diferenças entre gêneros, foram encontradas associações somente para as mulheres. A fisioterapeuta encontrou maior prevalência de trabalho remunerado em mulheres que não têm cônjuge em comparação às que têm; e em mulheres que conhecem alguém que tenha sido discriminado no ambiente de trabalho em comparação às que não conhecem. “Nossos resultados corroboram estudos anteriores que mostraram maior frequência do trabalho remunerado entre mulheres que não têm cônjuge, ao passo que essa associação inexiste ou é o oposto entre os homens”, declara.
Implicação dos resultados
Segundo Camila, a pesquisa mostra que é uma realidade o idoso da região metropolitana de BH permanecer trabalhando após a idade legal de aposentadoria, independente do motivo. E que essa mudança traz boas consequências tanto para os indivíduos quanto para a sociedade. Para ela, esse fato também revela a necessidade de desenvolver políticas de emprego e aposentadoria e programas para otimizar a participação dos idosos na sociedade. “Programas de promoção de saúde e prevenção de doenças e educação de qualidade devem estar disponíveis para todas as faixas etárias, com o objetivo de se ter idosos cada vez mais saudáveis e com maior nível de escolaridade”, destaca.
Título: Condições de saúde e aspectos sócio demográficos associados ao trabalho remunerado entre homens e mulheres na faixa etária de 50-69 anos
Nível: Mestrado
Autora: Camila Menezes Sabino de Castro
Orientadora: Maria Fernanda Furtado de Lima e Costa
Programa: Saúde Pública
Defesa: 4 de fevereiro de 2015