Influência da parentalidade na saúde
Parentalidade positiva pode influenciar na saúde de pais, filhos e até mesmo na saúde coletiva, afirma professor.
12 de agosto de 2024 - pais, Saúde Coletiva, saúde com ciência, saúde mental
O modelo da relação entre pais e filhos pode influenciar a saúde individual de ambos, e até mesmo a saúde coletiva. É o que afirma o professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG e convidado do Saúde com Ciência, Nathan Mendes Souza.
De acordo com ele, a parentalidade positiva pode, além de influenciar as relações familiares, beneficiar a saúde de pais, filhos e também a saúde coletiva da sociedade.
A parentalidade positiva é um modelo de relação entre pais e filhos que aborda a educação de uma maneira não violenta, atenta ao acolhimento e à compreensão da criança enquanto sujeito humano.
“A psicologia, o direito, a enfermagem, a antropologia, a psiquiatria, a pediatria e a medicina de família e comunidade são áreas que tem se debruçado nesses aspectos do estudo de modelos de paternidade ou de função paterna e sua relação com a saúde do homem”, afirma o professor. O primeiro destaque dado por ele é à saúde mental.
Relações parentais que envolvem fatores indesejáveis como violência doméstica, abandono e negligência levam a marcas difíceis de serem transpostas, tendo impacto direto na saúde mental dos filhos a longo prazo, explica o professor. Da mesma forma, ele estabelece uma ligação entre esse tipo de relação e uma redução da qualidade e do tempo de vida dos pais.
Ele também destaca os prejuízos relacionados a um modelo de relação parental baseada no autoritarismo. “O autoritarismo é uma forma de colonizar a pessoa. Você suprime quem a pessoa é e essa pessoa torna-se você. Então você ser uma pessoa autoritária, você nega quem é a pessoa. Ela não é nada, zero. E ela, por força do autoritarismo, passa a ser você”, detalha.
Ainda de acordo com ele, esse autoritarismo, que suprime as vontades, individualidades, pensamentos e desejos é indesejável, uma vez que causa efeitos psicológicos danosos à criança, como a invalidação de sentimentos e emoções, a perpetuação de comportamentos violentos e uma ruptura da relação afetiva, que é substituída por rancor e afastamento.
“Isso tudo tem impacto na saúde do homem, como nós já colocamos, mas pode afetar também na maternidade materna, por exemplo. Se você é um pai que exerce a parentalidade positiva, que acompanha a mãe da sua criança no pré-natal, que garanta que os exames sejam feitos e riscos da gravidez sejam identificados… Então, a parentalidade positiva pode fomentar a saúde da criança e da companheira, da esposa. E esse é só um exemplo dentre muitas situações”.
Professor Nathan Mendes Souza
Saúde com Ciência
No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana, vamos conversar sobre a parentalidade positiva. Explicaremos diferentes conceitos sobre paternidade e educação dos filhos e os benefícios de uma educação não violenta e acolhedora para as relações familiares. Além disso, também iremos detalhar a ligação entre a parentalidade positiva e a saúde individual e coletiva.
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.