Integração cultural na Faculdade de Medicina
09 de abril de 2010
Entre os dias 5 e 9 de abril, a UFMG recebe os alunos indígenas aprovados no vestibular 2010. Durante toda a semana, os novos estudantes conhecerão todas as unidades da Universidade, acompanhados pela equipe da Pró-Reitoria de Graduação da UFMG (Prograd) responsável pela Semana de Recepção aos Calouros.
Ontem, 8 de abril, a visita aconteceu no campus Saúde, motivo de entusiasmo e expectativa para Vazigton Oliveira, um dos aprovados para o curso de Medicina.
Zig, como é chamado, conta que o resultado vestibular foi comemorado na aldeia em que vive, na Bahia. “Todos, crianças e adultos, receberam a notícia com muita alegria e orgulho”, relembra.
Ele acredita que o estudo científico da Medicina não é conflitante com a cultura indígena. “Nós temos nossos próprios conhecimentos medicinais, à base de ervas e chás. Mas a ciência vai ampliar as possibilidades e aumentar as chances de cura nos casos mais graves. Isto não é um problema. Pelo contrário, ajuda na preservação da nossa cultura”, pondera.
O calouro explica que o conhecimento adquirido na Universidade também será útil na reivindicação de melhores condições de vida. “Com o embasamento científico, a aldeia tem mais chances de sucesso nas demandas. Por isto, meu compromisso é me formar e voltar para lá. Quero ser útil na minha comunidade”, confidencia.
A estudante Mariana de Caux, coordenadora geral do Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB), ressaltou a importância do convívio com os novos alunos. “Assim como eles vão adquirir aprendizados na Universidade, a UFMG têm muito a ganhar e a aprender com estes estudantes. Esta interação multicultural é positiva em todos os aspectos”, analisa.
Além de Zig, da aldeia dos Pataxós, o curso de Medicina também recebeu Pedro Henrique Cruz, da aldeia dos Tuxá. Em todo o processo de seleção da UFMG, foram aprovados alunos de mais outras 3 aldeias: a dos Tupiniquim, dos Xakriabá e dos Krenak.
O vestibular desenvolvido a partir de convênio entre a UFMG e a Funai recebeu 250 secundaristas de todo o Brasil. Destes, 140 comprovaram origem e contato com a cultura indígena. Ao fim do processo de seleção, 12 candidatos foram aprovados, no total.
Os estudantes indígenas vão cursar 6 cursos: Agronomia, Ciências Biológicas, Ciências Sociais, Enfermagem, Medicina e Odontologia.