Isso é virose?


20 de agosto de 2014


O infectlogista Unaí Tupinambás foi o convidado do projeto.

O infectlogista Unaí Tupinambás foi o convidado do projeto.

De repente, surge um mal-estar acompanhado de dores pelo corpo, cansaço e febre. Preocupadas com a saúde, as pessoas vão ao médico para receber um diagnóstico. Mais aí vem o resultado: virose. Muitos acreditam que o termo só é usado quando os médicos não sabem exatamente o que se passa. Mas não se engane: a virose existe, e requer cuidados para uma boa recuperação.

De acordo com o professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Unaí Tupinambás, convidado do projeto Quarta da Saúde de agosto, aos saberem que é uma virose as pessoas deveriam ficar aliviadas por não ser uma doença mais grave, e não inseguras com o diagnóstico. Ele acrescentou, durante a palestra, que os pacientes chegam até a se irritarem quando recebem recomendações mais gerais de repouso, ingestão de líquidos e cuidados com alimentação.

A virose é definida como uma infecção causada por um vírus. O termo é genérico, pois serve para indicar grupo amplo de doenças como dengue, catapora, gripe, entre outras. A maioria das viroses, entretanto, são autolimitadas, e desaparecem sozinhas após 5 a 7 dias do surgimento dos primeiros sintomas. A recomendação de repouso, alimentação adequada e ingestão de muito líquido são realmente a melhor forma de ajudar o organismo a combater o vírus.

Mas, ao contrário do que muita gente pensa, o diagnóstico da virose não é feito na incerteza. “O médico tem total conhecimento para indicar se é ou não uma virose. Todo processo infeccioso começa com sintomas como febre e dor de cabeça. Se é ou não virótico, o médico vai perceber na consulta”, explica Unaí Tupinambás.

Para dizer se é ou não uma virose, durante a consulta, o médico precisa saber se o paciente teve contato com algum outro doente, se está em período mais propício para determinado tipo de doença, se viajou, ou se pessoas da mesma família apresentam os mesmos sintomas. “Esses procedimentos são básicos para o médico, e eliminam dúvidas em relação a outras doenças causadas por bactérias, por exemplo”, completa o professor.

Entretanto, ao contatarem o médico, os pacientes esperam receber tratamentos medicamentosos, na maioria das vezes, com antibióticos. Remédios desnecessários, no caso das viroses. Mas por se sentirem pressionados, alguns médicos acabam receitando. “Para que o paciente fique mais seguro, alguns médicos receitam antibióticos ou acabam fazendo uma série de exames desnecessários”, conta Unaí.

Origem
Para o palestrante, o desapontamento do paciente em relação ao diagnóstico é resultado de falha na relação entre médico e paciente. “Mesmo sabendo que é uma virose, o médico precisa pegar no paciente, usar as mãos e os ouvidos para examinar e explicar o paciente sobre o que se trata”, acrescenta. Ele completa que é importante falar para o paciente, por exemplo, que ele pode voltar no dia seguinte caso perceber alguma coisa diferente. “Tudo isso o deixa mais seguro”.

O técnico industrial Cristovam Ferreira, 60, que ouviu a palestra do professor, revelou que já criticou muitos médicos por ter recebido diagnóstico de virose. “Mas depois dos esclarecimentos, entendi porque me sentia tão inseguro, e que realmente poderia ser uma virose”, afirma.

Por isso, a informação é o melhor remédio. Na avaliação do especialista, se bem orientados, o paciente pode participar dos cuidados da própria saúde, e serem tão responsáveis por ela quanto os médicos. Isso pode evitar idas sem necessidades aos hospitais ou unidades de atendimentos.

Segundo o professor do Departamento de Propedêutica da Faculdade de Medicina da UFMG, Leonardo de Souza Vasconcellos, que estava presente na palestra, o Quarta da Saúde é uma forma interessante de levar esse conhecimento. “É a oportunidade da comunidade em geral se orientar melhor sobre Saúde”, conclui.
Quarta da Saúde
O projeto Quarta da Saúde é realizado sempre na terceira quarta-feira do mês. A proposta é abordar temas sobre saúde de forma ampla e com linguagem acessível ao público em geral. A iniciativa é do Centro de Extensão (Cenex-MED) e da Assessoria de Comunicação Social (ACS) da Faculdade de Medicina da UFMG.