Mal-estar no trabalho é debatido em congresso na Faculdade


27 de abril de 2018


Foto: Carol Morena.

A Faculdade de Medicina da UFMG realiza, nesta sexta-feira e neste sábado, 27 e 28 de abril, o Congresso Saúde Mental e Trabalho, com o tema mal-estar no trabalho. O encontro está sendo realizado no Salão Nobre da Unidade e conta com a presença de profissionais de saúde, trabalhadores e representantes sindicais.

Durante a cerimônia de abertura, o coordenador do congresso e professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, Helian Nunes, falou sobre os diversos temas que serão abordados no evento, como assédio moral, violência, condições de trabalho, suicídio, dentre outros. “O mal-estar pode ser desde uma ansiedade, um estresse e se tornar uma aposentadoria ou licença. Seguimos alguns campos e achamos excelentes pesquisadores e professores que trabalham há décadas nessa área. Vamos trazer ideias e aprender um com o outro, além de produzir conhecimento e sair daqui com várias parcerias e projetos de pesquisa”, explicou.

Segundo o também coordenador do congresso e professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, Tarcísio Pinheiro, o sofrimento mental é hoje um dos principais assuntos da saúde do trabalhador no Brasil e no mundo. “Nessa Universidade, temos passado por um momento difícil. Como professores, vivemos a situação dos alunos e é um desafio para a Universidade lidar com o sofrimento mental como um distúrbio individual, de uma maneira abrangente e social. Este é o momento para trazer essa questão importante”, avaliou.

Stella Goulart, Antônio Thomáz Gonzaga da Matta Machado, Cristina Alvim, Alamanda Kfoury, Helian Nunes e Tarcísio Pinheiro. Foto: Carol Morena.

Para a vice-diretora da Faculdade de Medicina da UFMG, Alamanda Kfoury, os temas do Congresso são oportunos e necessários, por discutir a saúde mental do trabalhador e da trabalhadora. “É um momento peculiar que nós vivemos, um mundo competitivo, um mundo globalizado, que as relações interpessoais estão empobrecidas, precisando de mais solidariedade e práticas colaborativas. Neste sentido, o evento se torna necessário, um debate bastante pertinente para desenvolver formas de lidar com situações como estas”, comentou.

Também compuseram a mesa de abertura do congresso a assessora da Reitoria da UFMG para a área da saúde e professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina, Cristina Alvim; o chefe do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade, Antônio Thomáz Gonzaga da Matta Machado; e a presidente da Comissão Institucional de Saúde Mental da UMG, Stella Goulart.


Assédio moral

Henrique Nardi durante conferência. Foto: Carol Morena.

Assédio moral foi o tema apresentado pelo coordenador do Núcleo de Pesquisa em Sexualidade e Relações de Gênero e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Henrique Nardi. O assunto fez parte da conferência “Assédio Moral, a violência no cotidiano do trabalho”.

De acordo com Henrique, o assédio é uma das formas que se configura a violência no trabalho. Inclusive, o diagnóstico de doenças mentais é um dos motivos que mais afastam pessoas do serviço.

Para o professor, os últimos tempos têm sido de crises permanentes, como crises econômica, política, institucional, ética e social. “A crise tem se configurado como uma forma de gestão e é a partir dessas questões que se instalam a violência no trabalho”, avaliou. “A gente tem visto ascensão ao fascismo. Nas redes sociais, pessoas desqualificam as outras pelas suas diferenças. O assédio moral é justamente a desqualificação do outro”, comentou Henrique.

De acordo com Henrique, existem diversas formas de reconhecimento do trabalho: o reconhecimento hierárquico, que é de quem está acima do trabalhador e fala que o trabalho é bem feito; o reconhecimento social, que é quando o trabalhado faz sentido para a pessoa e é importante para a sociedade que ela quer; e o auto-reconhecimento, que o trabalhador acredita que faz um bom trabalho dentro dos parâmetros que aprendeu e tem capacidade técnica para isso.

“O assédio é incidir sobre todas essas formas de reconhecimento, negar todas elas. Até que a pessoa destrói a última delas, que é a auto-relação sobre a sua capacidade de trabalho e se sente incapacitada. Então, a pessoa não tem outra solução a não ser se demitir ou até mesmo suicidar”, explicou.

O assunto também foi tema da mesa-redonda “Mal-estar na civilização e mal-estar no trabalho”, que contou com as abordagens: “O mal-estar na civilização em Freud”, “O mal-estar no trabalho” e “Mal-estar no trabalho e assédio moral: o embate dos conceitos”.

Congresso Saúde Mental e Trabalho

O Congresso Saúde Mental e Trabalho continua com sua programação na tarde desta sexta-feira e durante sábado, 28 de abril.

Confira a programação completa.

Organização

O Congresso Saúde Metal e Trabalho é promovido pelo Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, com apoio do Núcleo de Promoção da Saúde e Prevenção da Violência; Observatório de Saúde do Trabalhador de Belo Horizonte (Osat); Serviço Especializado em Saúde do Trabalhador do Hospital das Clínicas (HC); e as residências de Medicina do Trabalho do HC e de Psiquiatria Forense da Fhemig.

Mais informações na página do Congresso Saúde Mental e Trabalho.