Medicina aprimora e implanta avaliação prática


02 de abril de 2009


Nos dias 27 e 28 de março, cerca de 240 estudantes do 10º ao 12º períodos de Medicina experimentaram uma nova forma, prática, de terem as habilidades clínicas avaliadas.

A avaliação do desempenho dos estudantes dos internatos de Traumatologia, Ginecologia e Pediatria, inédito na Faculdade, é um processo que visa à formação de profissionais competentes, éticos, socialmente responsáveis e capazes de exercer liderança saudável nas decisões sobre a promoção da saúde e prevenção das doenças para os cidadãos.

Para a professora Eliane Gontijo, presidente da Comissão da Avaliação, a experiência pode ser considerada exitosa. Além dos estudantes, 50 professores e 40 funcionários foram mobilizados. “Tivemos ainda o apoio da Diretoria, da coordenação do Colegiado e da Gerência Administrativa, fator decisivo para a realização do evento”, conta.

Representante do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia na Comissão de Avaliação, a professora Alamanda Kfouri considerou a iniciativa de implantação deste sistema de avaliação prática como extremamente positiva. “È realmente uma mudança de paradigma, no qual atitudes e habilidades médicas passam a ser avaliadas de maneira estruturada”.

O professor José Renan da Cunha Melo, representante do Departamento de Cirurgia e também membro da Comissão, concorda que essa primeira avaliação constitui um marco histórico para a Faculdade. “Com o aperfeiçoamento das estações e maior envolvimento dos docentes, não tenho a menor dúvida de que estamos aprimorando a qualidade e o nível de excelência do ensino da Faculdade”, afirma.

Para que serve?
Segundo a professora Eliane Gontijo, esses métodos têm, como princípios básicos, a observação do desempenho do aluno em tarefas clínicas específicas executadas em pacientes padronizados ou em manequins.

“Na avaliação de habilidades e atitudes, os instrumentos devem avaliar o aluno mostrando como faz”, explica a professora. “São consideradas as habilidades clínicas, psicomotoras e procedimentos, a interação e comunicação com o paciente, o manejo da informação, a capacidade de decisão e julgamento e a observação de atitudes éticas”, exemplifica.

Metodologia
A avaliação foi realizada por meio de uma técnica conhecida como OSCE (Objective, Structured Clinical Examination), segundo a professora Eliane, reconhecida como altamente válida, fidedigna, acurada e eficaz. A técnica é utilizada em várias Universidades do país e do exterior.

Representante do Departamento de Pediatria na Comissão de Avaliação o professor Luiz Megale conta que a avaliação simula situações reais e rotineiras da prática médica. “É um instrumento no qual os alunos passam individualmente por estações nas quais terão tarefas específicas e objetivas para resolverem”, explica.

“Funcionárias do Ambulatório São Vicente atuaram fazendo o papel de mães, e tivemos manequins de recém-nascidos para situações de reanimação”, exemplifica. “Dessa forma, o aluno é estimulado a resolver o problema da criança”, completa.

Resultados
Para ele, tanto os estudantes quanto os professores reconheceram a importância da iniciativa.  “Dos estudantes que participaram da avaliação do Internato de Pediatria, 83% consideraram o processo de avaliação como Muito bom (44%) ou Bom (39%)”, informa o professor Luiz Megale.

O professor José Renan Melo conta que os professores consideraram que as questões retrataram situações clínicas usuais  e habilidades essenciais para a prática médica. “Houve eficácia da técnica para identificação das atitudes inadequadas dos alunos”, completa.

Em reunião realizada nesta quarta-feira, 1º de abril, a Comissão concordou que houve uma mudança de paradigma do processo de avaliação dos Internatos. “Nós esperamos que a experiência seja ampliada para o Ciclo Ambulatorial e incluída no processo de seleção da Residência do Hospital das Clínicas”, conta a professora Eliane.

“Essa é uma forma de assegurar que a instituição está formando médicos dotados de habilidades e atitudes necessárias para o desempenho da medicina com competência”, conclui.

Redação: Mariana Pires – Jornalista
Fotos: Laura Lima – Publicitária e Bruna Carvalho – Estudante de Comunicação