Minas lança projeto que pode reduzir filas de consultas com especialistas no SUS

Teleconsultoria para profissionais da Atenção Primária à Saúde é uma parceria entre governo federal, estadual e universidades.


10 de julho de 2024 - , , ,


Foto: Rafael Mendes/SES-MG

Um dos grandes gargalos do SUS são as consultas com especialistas. Um projeto em Minas Gerais envolvendo o governo federal, governo estadual e universidades visa mudar este cenário.

O projeto “Incorporação de Teleconsultorias no Fluxo Assistencial do Atendimento Especializado no estado de Minas Gerais” é financiado pelo Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI), coordenado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG) e executado pelos Núcleos de Telessaúde da Faculdade de Medicina da UFMG, do Hospital das Clínicas da UFMG (HC-UFMG) e do Pólo da Fundação Educacional Lucas Machado (FELUMA).

Com esta iniciativa, os profissionais da Atenção Primária à Saúde dos municípios poderão realizar a discussão de casos clínicos com professores das universidades executoras, qualificando o processo de compartilhamento do cuidado entre os pontos da rede de atenção à saúde. Outros estados que aplicam o sistema conseguiram reduzir em até 70% das filas para consultas de especialidades médicas, segundo a literatura científica.

O projeto foi lançado durante o Tech Day, uma iniciativa da SES/MG, com o apoio do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI) e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), que visa promover a integração e o compartilhamento sobre inovações tecnológicas aplicadas à gestão da Saúde Pública em Minas Gerais.

Entre as autoridades, estavam presentes a reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida; a secretaria de informação e saúde digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad; o secretário de estado de saúde de Minas Gerais, Fábio Baccherretti; e o presidente da Feluma, Wagner Ferreira.

A reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida, celebrou a união dos esforços de instituições de ensino com governos das três instâncias. “Sempre que formos chamados, atenderemos a sociedade. Ficamos muito felizes em poder apoiar as políticas públicas, em especial o SUS, já que nossos hospitais são 100% públicos. Podemos dizer que a UFMG é 100% SUS”, afirmou.

As teleconsultas entre profissionais da Atenção Primária em Saúde (APS) e os teleconsultores dos Núcleos de Telessaúde proporcionarão um manejo qualificado do usuário. “Com isso, espera-se que o projeto qualifique o compartilhamento do cuidado entre a APS e a atenção ambulatorial especializada, além de integrar os pontos de atenção da rede”, pontua Christina Nunes, Diretora de Políticas de Atenção Primária à Saúde da SES-MG.

Para a coordenadora do Núcleo de Telessaúde da Faculdade de Medicina da UFMG, professora Alaneir de Fatima dos Santos, o impacto social será sentido por usuários, profissionais e gestores. “Queremos aumentar a resolutividade da atenção primária. O SUS ganha muito com esse acesso qualificado”, explica.

Em um projeto piloto, no município de Betim, a resolutividade das teleconsultorias para geriatria, endocrinologia, reumatologia, pneumologia e hematologia foi alta. A fila de espera para primeira consulta nas especialidades caiu de 4.389 usuários para 793, sendo que 1.758 casos foram encaminhados para reavaliação da equipe com apoio das teleconsultorias e mantidos na unidade básica de saúde, e outros 1.838 saíram da fila após revisão administrativa.

O desenvolvimento do projeto se dará em etapas. Nesta primeira etapa, foram priorizadas oito macrorregiões do estado, com foco na área materno-infantil, sendo posteriormente estendido para as outras regiões. “Além de acelerar o atendimento, as teleconsultorias vão qualificar enormemente o atendimento realizado pelos profissionais da atenção básica, pois cada discussão de caso com os professores é um processo de formação profissional”, acrescenta a professora.

Com o lançamento da iniciativa, serão ofertadas 16 especialidades prioritárias (além da materno-infantil). Dentre elas: ginecologia, endocrinologia, geriatria, pneumologia, nefrologia, obstetrícia, cardiologia, dermatologia, ortopedia, mastologia, pediatria, reumatologia, gastroenterologia, urologia e proctologia.

Serão 465 municípios nesta etapa, que foram definidos a partir de prioridades sanitárias e indicadores epidemiológicos levantados pela SES-MG. As equipes dos núcleos e pólo de telessaúde irão dividir as microrregiões, sendo que a Faculdade de Medicina da UFMG ficará com Belo Horizonte, Betim, Diamantina/Itamarandiba, Araçuaí, Serro, Manhuaçu e Viçosa.