Musculação é aliada do envelhecimento ativo


09 de setembro de 2019 - , , , ,


*Laryssa Campos

Com o avanço da idade, é natural a perda progressiva de massa muscular e óssea. E para prevenir problemas decorrentes dessa queda, a corrida é contra o tempo. Isso porque, normalmente, formamos massa óssea e muscular até os 30 e 35 anos de idade. Essa formação se estabiliza entre 40 e 50 anos, mas começa a decair progressivamente após essa faixa etária.

Por isso, a importância de iniciar a prática de atividade física desde cedo e não parar. A proposta é criar um “estoque ósseo” para a terceira idade e manter o corpo ativo quando idoso para adiar a redução desse estoque.  

De acordo com o professor do Departamento do Aparelho Locomotor da Faculdade de Medicina da UFMG, Jefferson Leal, após os 40 anos estamos programados para perder massa muscular. Esse fenômeno fisiológico resulta na sarcopenia, que é perda de musculatura, e na osteoporose, que significa a perda de massa óssea.

Mas mesmo que esse seja um fenômeno espontâneo, é necessário evitá-lo, uma vez que pode trazer consequências negativas para a saúde. E existem meios para isso. O professor recomenda que as pessoas com tendência familiar para sarcopenia, osteoporose e osteopenia (dificuldade de produção de tecido ósseo novo), busquem pela musculação.

“O exercício ajuda a ter um maior estoque ósseo. Além disso, a atividade retarda o momento em que vai acontecer essa perda. Mesmo quando o fenômeno começa a ocorrer, inexoravelmente ele acontece de uma forma muito menor”, pontua.

Musculação para todos?

A prática de musculação exige atenção para as especificidades de cada pessoa, especialmente na terceira idade. Mas para que essas particularidades sejam conhecidas, o professor Jefferson Leal orienta a buscar um especialista. “Um indivíduo saudável só precisa de um exame médico de rotina para entender se há alguma restrição grave à prática de exercício ou se a prática deve ser realizada com algum cuidado especial”, conta. 

Por outro lado, uma pessoa com artrose, por exemplo, deve evitar atividades que exijam esforço das articulações que tenham o problema. Já quem tem hérnia de disco recente, não deve fazer alguns exercícios porque a musculação aumenta muito a pressão no interior do disco.  “Pessoas com hérnia abdominal também devem evitar alguns exercícios que aumentem a pressão intra abdominal. Nessas situações é necessário o acompanhamento médico”, continua. 

Entre os especialistas, a busca por um médico e um educador físico antes de iniciar a prática de atividade física é um consenso.

Para além da musculação

Além da musculação, o professor Jefferson Leal explica que, no geral, atividades como caminhadas, corridas, natação e andar de bicicleta, são muito benéficas à saúde.

Porém, há pessoas que, por limitações físicas, não conseguem fazer esses exercícios. Mas isso não impede que essas pessoas encontrem uma modalidade que enquadre no perfil. “Para os cadeirantes, e até mesmo tetraplégicos, já existem técnicas e atividades para manter o corpo em atividade”, continua. 

A prática de atividade física como prevenção de doenças é comprovadamente eficaz, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O Plano de Ação Global de Atividade Física, referente ao período de 2018 a 2030, produzido pela OMS, coloca os exercícios como agente de prevenção para doenças como acidente vascular cerebral (AVC), obesidade, câncer de mama e saúde mental.

Para que seja um fator protetor para saúde, o tempo mínimo de atividades recomendo pela OMS é de 150 minutos por semana, o que equivale a 2h30 por semana ou cerca de 21 minutos de exercícios físicos por dia.

Os benefícios, cuidados e prática de atividade física em todas as idades são temas do programa de rádio Saúde com Ciência desta semana.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.

Ouça o programa:

https://sites.medicina.ufmg.br/radio/2019/09/06/150-minutos-por-uma-vida-menos-sedentaria/

Laryssa Campos – estagiária de Jornalismo

Edição – Karla Scarmigliat