Narcolepsia ou desmaio?

Estudo realizado em conjunto por 15 instituições de saúde brasileiras aponta que, aproximadamente, 1 em cada 1000 pessoas sofre com alguma forma da doença.


30 de setembro de 2024 - , , ,


Você já ouviu falar de narcolepsia? De acordo com a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG e convidada do Saúde com Ciência, Ana Elisa Ribeiro, trata-se de um distúrbio crônico do sono caracterizado por ataques súbitos de sonolência forte durante o dia, podendo ser acompanhada de perda da tônus muscular e até mesmo alucinações.

Apesar de não ser uma doença nova, a narcolepsia ainda é pouco conhecida e compreendida. Sua origem é genética, surgindo a partir de uma deficiência no cromossomo 6. “O caso mais clássico seria uma sonolência excessiva diurna, mas não é o cansaço que todo mundo tem. A pessoa tem ataques de sono em momentos e locais muito inapropriados. Isso não é precedido de sonolência, então a pessoa está em qualquer situação e simplesmente dorme”, explica a professora Ana Elisa.

Além do sono súbito, um dos outros sinais que acompanham a narcolepsia é a perda de tônus muscular – ou cataplexia. “Principalmente desencadeada por emoções fortes, o riso, uma piada, aa pessoa pode ter essa perda de tônus e cair. Isso dura por volta de dois minutos, e a pessoa mantém consciência do entorno dela, ela sabe o que está acontecendo”, completa a professora.

Sintomas durante o sono

A professora Ana Elisa destaca ainda o sono noturno fragmentado como outro sinal da narcolepsia. Segundo ela, os pacientes narcolépticos possuem baixa qualidade de sono durante a noite, com um alto grau de interrupções. Além disso, ela afirma que o ciclo de estágios do sono do paciente é afetado, fazendo com que o estágio REM (o mais profundo, aquele em que o indivíduo manifesta sonhos) aconteça muito antes do normal.

O último dos sinais que formam os cinco principais sintomas, de acordo com a especialista, é a presença de paralisia do sono. Ela costuma ser acompanhada de alucinações visuais por parte do paciente, que, segundo a professora, se manifestam comumente como pessoas ou animais nas proximidades.

Diferenciando narcolepsia e desmaio

Apesar de, de fora, os episódios diurnos de narcolepsia poderem ser confundidos com um desmaio à primeira vista, a professora garante que os dois não têm nenhuma relação. Tanto nos pormenores episódicos como nas causas e consequências, a narcolepsia e o desmaio são completamente diferentes.

“Uma das coisas, uma coisa bem clássica, é que os nossos reflexos do tendínio, que o médico testa, nesse momento eles estão ausentes. Então isso é uma coisa interessante da gente diferenciar. Outra coisa, essa perda de tônus, às vezes dá um tempinho para a pessoa conseguir se apoiar em algum lugar… E esse fato da consciência durante o episódio, que é muito importante, porque o desmaio a pessoa perde a consciência”.

Professora Ana Elisa Ribeiro

Ouça o podcast na íntegra:

Saúde com Ciência

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O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.