Normalização da dor feminina durante as relações sexuais pode dificultar o diagnóstico do vaginismo

O Vaginismo também impede o uso de absorventes internos e a realização de exames ginecológicos.


12 de junho de 2023 - , , ,


* Madu Mendonça

Vaginismo é uma das principais disfunções sexuais femininas e tem impactos significativos na vida sexual e nas relações conjugais das pacientes. Ter auxílio ginecológico e psicológico é crucial para o tratamento, que pode ser rápido. Porém, crenças que normalizam a dor e o desconforto durante as relações sexuais podem dificultar o diagnóstico.

Mulheres com vaginismo possuem contrações involuntárias do assoalho pélvico, o que dificulta ou impede totalmente a penetração peniana e o uso de absorventes internos. De acordo com a professora Fabiene Castro Vale, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG e convidada do Saúde com Ciência, questões psicológicas podem influenciar o surgimento desse quadro. “Não há uma origem única para o vaginismo. Mas observamos que são mulheres que durante a infância ou adolescência passaram por uma educação mais rígida, mais castradora”, explicou.

Além disso, a professora destacou que é preciso romper com o ideal de que é comum as mulheres sentirem dores ou desconforto durante as relações sexuais. “Se a mulher tem dor durante a relação sexual, ela deve procurar ajuda ginecológica, porque pode ser uma coisa grave, uma doença, ou apenas uma necessidade de adequação no ato sexual. Mas, para isso, ela precisa de uma orientação adequada”, disse.

“Sexo não é para ter dor. Caso a mulher tenha alguma dor ou desconforto, é preciso investigar”.

Professora Fabiene Castro Vale

Diagnóstico e tratamento

As contrações da região pélvica também podem acontecer quando a mulher precisa realizar algum exame ginecológico. Nesse sentido, o diagnóstico acontece na tentativa de um desses exames, como o toque, por exemplo. No entanto, a professora Fabiene Castro Vale afirma que a paciente não sente dores durante a avaliação.

O tratamento varia de acordo com o tipo de vaginismo que a paciente possui, parcial ou total, a depender se a mulher suporta algum tipo de penetração. De modo geral, é utilizada uma técnica de dessensibilização sistemática. ”São técnicas que a gente vai passar para a paciente, utilizando ou não medicamentos ou a ajuda do colega fisioterapeuta, mas dura geralmente de 6 a 10 sessões. Então, entre 2 e 3 meses, a paciente deve conseguir ter a penetração”, explicou.

Por fim, a professora falou sobre a importância de um tratamento multiprofissional. “Ter o auxílio de um colega profissional pode ser muito importante para a recuperação da paciente. E no caso do vaginismo, algumas vezes vamos precisar do colega fisioterapeuta, outras vezes de um psicólogo”, disse.

Saúde com Ciência

No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana vamos conversar sobre o vaginismo, entendendo seus sintomas, tratamento e que não é normal sentir dores durante as relações sexuais.

O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.

* Madu Mendonça – estagiária de Jornalismo

Edição: Alexandre Bueno