Nota informativa orienta serviços funerários sobre monkeypox
Procedimentos de tanatopraxia, orientações sobre o funeral e relação com os serviços de saúde constam no material.
08 de agosto de 2022 - Funeral, Monkeypox, Tanatopraxia, Vigilância em saúde
No último sábado, dia 6 de agosto, o Ministério da Saúde (MS) emitiu Nota Informativa orientando a respeito das atividades dos serviços funerários e sobre o funeral em caso de óbito pelo vírus monkeypox. Atualmente, segundo dados do MS, foram confirmados 2.004 casos da doença no país, com uma morte.
Menos grave do que a varíola, o vírus monkeypox raramente leva a desfechos com óbito. Apesar disso, no dia 29 de julho Belo Horizonte registrou uma das primeiras mortes associadas ao vírus fora da região endêmica. Segundo o Ministério, o paciente mineiro apresentava imunidade baixa e comorbidades, incluindo linfoma, que o levaram ao agravamento do quadro.
A nota indica que os trabalhadores dos serviços funerários – administrativos, motoristas, transportadores, gestão de resíduos, limpeza e manutenção – deverão sempre utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados, incluindo: óculos de proteção ou protetor facial, avental, máscara cirúrgica e luvas de procedimentos. Além disso, todos os trabalhadores devem ter acesso a suporte para a higiene das mãos (água e sabonete líquido ou álcool a 70%).
A atuação de prestadores de serviços funerários deve ser restrita à acomodação dos corpos nas urnas, previamente embalados pelas equipes de saúde, e ao transporte dos corpos até os cemitérios. Na ausência do serviço de saúde para o manejo de corpos, os trabalhadores devem seguir as orientações da nota.
Leia a Nota Informativa Nº 5/2022-CGIAE/DAENT/SVS/MS na íntegra.
O técnico em Anatomia e Necropsia do Departamento de Anatomia e Imagem (IMA) da Faculdade de Medicina da UFMG, José Eustáquio Pereira Barboza, entende que os profissionais dos segmentos funerários necessitam de um treinamento mais específico e intenso com relação a novos óbitos provocados ou relacionados pela monkeypox, sejam positivos ou suspeitos. “A experiência com a covid-19 foi importante, mas por falhas de conhecimentos específicos da doença e também de comunicação com o serviço de saúde, infelizmente perdemos muitos profissionais que se contaminaram”, lamenta.
Ele entende que a orientação sobre a monkeypox ocorre em tempo hábil. “Não podemos perder tempo para que esta orientação chegue o quanto antes, tanto aos trabalhadores dos segmentos funerários, quanto aos profissionais de unidades hospitalares, evitando assim novas falhas de comunicação”, pontua Eustáquio, que também é professor do curso de tanatopraxia da Faculdade.
Para o especialista, a orientação deveria salientar a proibição dos procedimentos de tanatopraxia nos casos em que o corpo estiver na fase de transmissão da doença e/ou sem declaração realizada pelo médico assistente. Ele cita um entendimento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de julho de 2011, que proíbe a conservação de restos mortais em que os óbitos tenham tido como causas a encefalopatia espongiforme, a febre hemorrágica ou outras doenças que, a critério da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do MS, venham a surgir. “Infelizmente surgiram duas novas doenças neste sentido, a covid-19 e, baseando nesta nota informativa, a monkeypox”, entende.
Monkeypox
A Monkeypox é uma doença causada pelo vírus de mesmo nome. Os sintomas são semelhantes, mas geralmente menos graves, que aqueles apresentados pela varíola, erradicada em 1980.
No dia 23 de julho, a Organização Mundial de Saúde (OMS), declarou a doença como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional.
Segundo a OMS, a transmissão de humano para humano é limitada, com a cadeia de transmissão documentada mais longa sendo de seis gerações. O vírus pode ser transmitido por contato com fluidos corporais, lesões na pele ou em superfícies de mucosas internas, como boca ou garganta, gotículas respiratórias e objetos contaminados.
Saiba mais sobre a doença no podcast do Saúde com Ciência.