Nupad é modelo a ser seguido, afirmam especialistas


17 de setembro de 2010


Foto: Denise Reis

Impressionada com o Programa Estadual de Triagem Neonatal (PETN-MG) do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG (Nupad), a delegação dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) afirmou que o Programa pode ser um modelo interessante para diversos países. Os membros da equipe, que visitaram a Faculdade no início do mês, destacaram a importância do acompanhamento médico e psicossocial oferecido gratuitamente às pessoas com diagnóstico positivo no teste do pezinho.

De acordo com o diretor do Nupad, José Nelio Januario, o PETN-MG é referência internacional principalmente por oferecer tratamento e acompanhamento eficaz a todas as crianças diagnosticadas com uma das doenças triadas – fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e fibrose cística. Mais de quatro milhões de crianças já fizeram o teste do pezinho no Estado, e quase quatro mil estão em acompanhamento atualmente.

“O Programa é impressionante, pois é muito integrado, o que inclui não apenas a triagem, mas o acompanhamento, em curto e longo prazo. Em outros lugares, a triagem neonatal tipicamente se preocupa apenas com o acompanhamento em curto prazo e não assume a responsabilidade por monitorar as crianças doentes após o início do tratamento”, destacou o economista Scott Grosse, especialista em saúde pública do CDC. “Estou impressionado e espero aprender mais sobre essa experiência”, completou, acrescentando que o compartilhamento de informações, experiências e tecnologia entre os dois países será importante na construção de um acordo de cooperação.

O especialista em patologia W. Craig Hooper, membro da Divisão de Doenças de Sangue do CDC, concordou com Grosse, destacando a importância do fato de todas as áreas do Programa trabalharem em consonância, utilizando dados integrados sobre os pacientes. Para Hooper, a experiência de Minas Gerais deve ser replicada em todo o Brasil, e pode servir de exemplo também para outros países. “Parece que o que o Nupad está fazendo pode ser um modelo muito bom não apenas para o Brasil, mas para todos os países da África e de outras partes do mundo”.

Foto: Denise Reis

Integração com a atenção primária
O pesquisador Scott Grosse ressalta que um ponto em que os Estados Unidos podem aprender com o Brasil é a integração dos serviços de referência em triagem neonatal com as unidades básicas de saúde. “Gostei do fato de, no Brasil, a responsabilidade da coleta do sangue (no teste do pezinho) ser dos centros de atenção primária, pois eles têm mais contato com as famílias, o que permite que se tenha um acompanhamento muito bom. E, nos Estados Unidos, é muito difícil achar a criança depois que ela deixa o hospital, para fazer o teste confirmatório. Então, estar integrado com o centro de atenção primária é muito lógico”, destaca o especialista.

No PETN-MG, o Setor de Controle do Tratamento do Nupad é o responsável por essa interface com as unidades básicas de saúde, gerenciando um banco de dados sobre as pessoas triadas, e realizando, junto ao município, a busca ativa das crianças com exame alterado, assim como o gerenciamento das consultas dos pacientes acompanhados pelo Programa. E, nesse contexto, segundo o diretor do Nupad, a capacitação e a informação dos profissionais envolvidos no Programa são essenciais para a saúde e qualidade de vida dos pacientes.

Essa integração, intermediada pela informação e comunicação, é destacada pela chefe do Setor de Triagem Neonatal e Biologia Molecular do CDC, Carla Deanne Cuthbert. “Gostei muito do fato de as unidades de saúde serem distribuídas pelo estado e do foco na atenção primária – em capacitar os profissionais de saúde dessas unidades -, porque eles têm uma interação muito próxima com a população. Além disso, achei inovadora a existência do call center, que dá apoio aos médicos que têm alguma dificuldade em abordar esses pacientes, atendendo os médicos de forma muito rápida quando eles precisam”, disse a especialista. “A preocupação com o paciente é o que faz desse sistema o melhor”, concluiu.


Redação:
Com Setor de Comunicação e Divulgação do Nupad