Nupad lança guia nutricional para fenilcetonúricos


16 de junho de 2010


As pessoas com fenilcetonúria – doença genética caracterizada por defeito no metabolismo das proteínas que causa o aumento dos níveis do aminoácido fenilalanina no sangue – já têm mais uma ferramenta para melhorar sua alimentação e a adesão ao tratamento, evitando complicações como atraso no crescimento, convulsões e hiperatividade. Foi lançado o guia “Fenilcetonúria – Tabelas com a Quantidade de Fenilalanina dos Alimentos”, que facilita o controle nutricional dos pacientes – base do tratamento para a doença, pelo Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG (Nupad).

Organizado pelas nutricionistas Michelle Alves, Viviane Kanufre, Jacqueline Santos e Rosangelis Soares, que atuam no ambulatório do Hospital das Clínicas da UFMG responsável pelo atendimento aos pacientes com fenilcetonúria em Minas Gerais, o guia é resultado do trabalho da equipe multidisciplinar que acompanha as pessoas com diagnóstico positivo na triagem neonatal.

O material já está sendo distribuído, durante as consultas, para as famílias de pacientes acompanhados pelo Programa Estadual de Triagem Neonatal, aliado a orientações sobre a leitura da tabela, os cálculos que devem ser feitos e a importância da utilização do material.

De acordo com Michelle Alves, o objetivo é incentivar a família dos pacientes a calcular a quantidade de fenilalanina da dieta diariamente para controle dos níveis do aminoácido no sangue. “As tabelas anteriores precisavam de cálculos que as famílias, muitas vezes, não sabiam fazer. Por isso, fizemos uma tabela de fácil leitura e entendimento, em que a quantidade de fenilalanina no alimento vem em relação a medidas caseiras ou à sua porção. Isso facilita, porque exige somente que se faça a soma, que é o cálculo mais simples”, explicou.

Restrição alimentar
Mãe de uma criança de três anos com fenilcetonúria, Danielle Ayoub destaca que, são poucas as opções na hora de alimentar o filho. “Temos muitas dificuldades, pois a dieta é bem restrita – meu filho come, geralmente, legumes, verduras, frutas e arroz, além de receitas preparadas com a farinha especial. Além disso, muitas vezes, há dúvidas sobre quais alimentos podemos dar e, nesse caso, prefiro esperar pela consulta para perguntar à nutricionista”.


Exemplo de utilização da tabela

Considerando que, hipoteticamente, uma criança com a doença possa consumir apenas entre 300 e 500 miligramas de fenilalanina por dia, confirmamos, baseados no guia, que a alimentação desses pacientes é restrita. Para se ter uma ideia, se a criança do nosso exemplo comesse apenas 100 g de macarrão, ele já chegaria muito perto de alcançar esse limite, pois essa quantidade da massa feita com ovos contém 236 mg de fenilalanina. Entre os alimentos com menor quantidade de fenilalanina, destacam-se hortaliças como o alface (uma folha contém níveis insignificantes: são 67 mg do aminoácido para 100g de alface) e o repolho cru (uma colher de sopa cheia contém 5 mg), além de frutas como a maçã (15mg) e o melão (16 mg em um pedaço médio).


Redação:
Assessoria de Comunicação do Nupad