O contexto familiar e escolar no combate ao bullying
Saúde com Ciência representa série dedicada ao bullying, tipo de violência que pode deixar marcas físicas e psicológicas
07 de junho de 2015
Saúde com Ciência reapresenta série dedicada ao bullying, tipo de violência que pode deixar marcas físicas e psicológicas
A urbanização, o tempo gasto no trabalho e a ausência dos pais tornam a educação dos filhos mais permissiva e menos atenta, favorecendo casos de bullying. Inicialmente classificado como um tipo de violência juvenil, comum nos ambientes escolares, hoje a prática também atinge adultos na vida profissional.
É o que relata a psicóloga e pesquisadora da Faculdade de Medicina da UFMG, Michelle Ralil, autora de uma dissertação de mestrado sobre o tema apresentada em 2012, que contou com uma pesquisa direcionada aos adolescentes vítimas de bullying em Belo Horizonte-MG: 26% dos quase 600 entrevistados já haviam sido acometidos. “A gente percebeu que os casos estavam muito associados à falta de tempo para o diálogo com a família, o que reflete a pouca participação dos pais na vida dos filhos”.
Pensando nessas vítimas, Michelle considera fundamental a abertura de um canal de comunicação em casa para que a criança se sinta acolhida. E em relação ao agressor, a psicóloga também julga importante essa proximidade. “Devemos educar nossos filhos para que eles convivam dentro da sociedade respeitando as diferenças, a serem tolerantes no sentido de entender que não é certo ofender ou invadir o espaço de outra pessoa”, afirma.
Sobre a situação atual do bullying no Brasil, a especialista cita outra pesquisa e a maior participação da mídia como meios de divulgação, mas observa que a participação da escola nesse acompanhamento ainda é pouco efetiva. “Recentemente, foi lançada a PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar), mostrando que a prevalência aumentou no país, inclusive em Belo Horizonte. A mídia avançou no sentido de divulgar essa questão, mas pouco se fez em relação à escola. Os professores ainda precisam ser orientados para detectar esse tipo de violência.”
O programa de rádio também conversou com a psiquiatra e participante do Núcleo de Saúde do Adolescente do Hospital das Clínicas da UFMG, Ana Maria Lopes, que sugeriu medidas a serem observadas pelas escolas. “É importante que a escola responsabilize as crianças e adolescentes que praticam o bullying, até porque o futuro agressor pode ser a vítima de hoje. Também é essencial trabalhar estratégias para que esses adolescentes sintam uma segurança em relação à escola, para que os casos sejam identificados precocemente”, propõe.
Além disso, uma referência de autoridade, não só nas famílias e escolas, mas ainda nos ambientes de trabalho, ajuda a evitar que esse tipo de agressão se perpetue. “Se uma pessoa está representando uma autoridade, seja no trabalho, na escola ou na família, deve buscar a prevenção de tais episódios, porque isso pode implicar em um sofrimento psíquico tanto para a vítima quanto para o vitimizador”, conclui.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência, que reprisa a série Bullying entre os dias 08 e 12 de junho de 2015, é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM.
Ele também é veiculado em outras 105 emissoras de rádio, que estão inseridas nas macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.