O sarampo ainda é uma doença eliminada?

Brasil foi um dos primeiros países do mundo a eliminar o sarampo. Novos casos removeram certificado recebido pelo país.


27 de março de 2024 - , , ,


O sarampo é uma doença infecciosa viral grave, de alta transmissão, e que pode levar à morte, sobretudo em crianças. Em 2016, o Brasil recebeu da Organização Mundial da Saúde (OMS) o certificado de eliminação do sarampo. De acordo com a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG e convidada do Saúde com Ciência, Daniela Caldas Teixeira, o certificado veio em reconhecimento aos esforços vacinais brasileiros.

Segundo a professora, o sarampo é uma doença de transmissão rápida, podendo o paciente transmitir a doença antes mesmo de manifestar qualquer sintoma. Além disso, ela afirma que o vírus do sarampo consegue sobreviver no ar por tempo prolongado. “O nosso maior desafio é o fato de que esse contato não precisa ser um contato muito próximo, como no caso de um resfriado ou mesmo da meningite. A partícula do vírus do sarampo consegue ficar no ar por mais tempo, então o ambiente mal ventilado pode ficar contaminado por muito tempo depois que a pessoa sair de lá”, explica a pediatra.

Ela afirma que, por isso, a vacinação contra o sarampo foi uma ferramenta de suma importância na eliminação da doença no Brasil. No país, as vacinas triviral e tetraviral fazem parte do Calendário Nacional de Vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS) e são as responsáveis pela imunização contra o sarampo.

Ressurgimento do sarampo no Brasil

Em 2019, o vírus do sarampo foi reintroduzido no Brasil. Com a confirmação de novos casos e a caracterização de um surto da doença, o país perdeu o certificado de eliminação do sarampo três anos após sua obtenção.

De acordo com a professora Daniela Caldas, a reintrodução da doença no país tem diferentes causas. O principal, segundo ela, é a baixa da cobertura vacinal. Isso se deve tanto à crença de que o sarampo não é mais um problema de saúde, e, por isso, a vacinação contra ele não é mais necessária; quanto à presença de movimentos antivacina que contribuem para um aumento da hesitação vacinal.

“Hoje, no nosso mundo, as pessoas circulam muito mais facilmente. Hoje a gente tem mais facilidade de viajar, hoje temos muito mais o deslocamento de pessoas que vêm de outros países para morar aqui. E isso faz com que o vírus seja reintroduzido no país. Se a gente consegue ter uma cobertura vacinal alta, mesmo que o vírus chegue através de uma pessoa como esta, ele não consegue se disseminar, porque ele encontra muitas pessoas vacinadas e imunizadas, e nisso o caminho do vírus fica barrado”.

Professora Daniela Caldas Teixeira

Saúde com Ciência

No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana, vamos conversar sobre o sarampo. Falaremos sobre os sintomas, o tratamento e a vacinação contra a doença. Abordaremos também a eliminação da doença no Brasil em 2016, o surto acontecido em 2019, que foi responsável pela revogação do certificado de eliminação do sarampo, além de discutir a situação do sarampo nos dias de hoje no Brasil e no mundo.

O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.