Objetos da Medicina do início do século passado

Cememor recebe doações que contam um pouco do tratamento de trabalhadores da mineração


09 de novembro de 2015


Notícia publicada na edição nº 48 do Saúde Informa

Cememor recebe doações que contam um pouco do tratamento de trabalhadores da mineração

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Mesa cirúrgica: equipamento aquecia pacientes em dias frios. Foto: Arquivo Cememor

Novas peças passaram a integrar o acervo do Centro de Memória da Medicina (Cememor). Trata-se de uma doação feita pela AngloGold Ashanti, empresa de mineração responsável pela extração de ouro na região de Nova Lima, Minas Gerais. Foram recebidos um conjunto de talas de madeira e uma mesa de operação asséptica, datados do século XX. Os objetos eram utilizados para tratamentos de mineiros acidentados e realização de cirurgias.

O coordenador do Cememor, Luciano Amedèe Péret Filho, conta que devido às condições insalubres de trabalho e a elevada frequência de acidentes, foi necessário construir, em 1837, um hospital que atendesse os trabalhadores das minas. Na época, o Hospital da Mina de Morro Velho, localizado em Nova Lima, era considerado um dos mais bem equipados do país. “Os médicos, enfermeiras e farmacêuticos, atuantes na instituição, vinham todos da Inglaterra. As doenças mais comuns naquele período eram a pneumonia, bronquite, febre amarela, sífilis e a disenteria”, conta Luciano.

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Talas de madeira mobilizavam trabalhadores com fraturas

O conjunto de talas, fabricadas pelos marceneiros da mina utilizando ripas de madeira, era usado para imobilizar membros inferiores e superiores, em caso de fratura. A historiadora Ethel Mizrahy conta que, como não se usava gesso, as talas eram muito comuns, era a tecnologia para aquela época. “O diferencial é que esse conjunto é moderno e artisticamente talhado, com espaços para movimentação das juntas”, informa.

A mesa cirúrgica Aseptic operation table, feita aproximadamente em 1900, é outro destaque da aquisição. Ela é equipada com tanques internos para colocar água quente, que serviam para manter o paciente aquecido. “A mesa está bem conservada, com rodinhas e mecanismos de locomoção dos encostos. Num clima frio como o de Nova Lima, a forma de aquecimento pode ser considerada um luxo para o início do século passado”, diz Ethel.

A historiadora conta que as peças são importantes por demonstrarem o avanço dos tratamentos ao longo do tempo. “São objetos que contam um pouco da evolução dos aparelhos e técnicas utilizados pelos médicos, suscitando a curiosidade e estranheza dos visitantes”, afirma.

Os artigos já se encontram expostos, sendo que a mesa foi posicionada em lugar de destaque na Galeria Antônio Gomide e as talas dispostas na vitrine interna do Centro de Memória.