Parceria busca mapear carga de doenças no Brasil


02 de setembro de 2015


Durante o mês de agosto, a Faculdade de Medicina da UFMG recebeu o professor da Universidade de Washinton, Dr. MohsenNaghavi. Durante sua visita, ele participou da divulgação e de debates acerca dos resultados preliminares do primeiro Estudo de Carga de Doenças por Estados do Brasil, realizado em parceria pelas duas instituições. Mohsen é PhD em Epidemiologia  e Professor Associado de “Global Health” no Institute for Health Metricsand Evaluation (IHME) da Universidade de Washington, onde lidera grupo de trabalho em análise de causa de morte, câncer e doenças tropicais negligenciadas, desde 2008.

A professora do Departamento de Clínica Médica, Valéria Passos acompanhou Mohsen durante suas atividades no Brasil. Ela explica que, em 2004, o Ministério da Saúde, juntamente com pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ), publicou os resultados do primeiro Estudo de Carga de Doenças no Brasil, para a população de 1998. “Este estudo revelou que as doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis por 66,3% da carga de doença no Brasil, seguidos das doenças infecciosas (23,5%) e causas externas (10,2%). Também foi notável a grande carga de incapacidade gerada pelas doenças neuropsiquiátricas e a desigualdade na distribuição da carga de doenças segundo grupos sociais e regiões do país”, conta ela.

Entretanto, ainda não havia um estudo que permitisse a avaliação da carga de doenças, lesões e fatores de risco, detalhada por unidade federada. “O Estudo de Carga Global de Doenças (Global BurdenofDiseases – GBD), ao ser replicado para todos os Estados do Brasil, representará um passo fundamental na medição do estado de saúde da população brasileira”, explica.

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Dr. MohsenNaghavi.  Foto: reprodução/ www.healthdata.org

A iniciativa GBD é um esforço de epidemiologia descritiva para quantificar e comparar a magnitude da perda de saúde por meio de doenças, lesões e fatores de risco por local, sexo e idade, em pontos específicos do tempo. Ela envolve maquinaria computacional complexa e a análise de grandes bancos de dados de estimativas demográficas, estatísticas vitais, dados administrativos e publicações científicas. Surge, então, o conceito da DALY (Disability Adjusted Life Year), que expressa o número de anos perdidos pela morte prematura ou pela incapacidade dos indivíduos de determinada população.“A ampla divulgação científica desta iniciativa que, já em 2010, contava com a participação de 486 autores de 302 instituições acadêmicas de 50 países, permitiu seu fortalecimento e a criação de um instituto para sua coordenação, o Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Universidade de Washington”, afirma Valéria passos.

As professoras Elisabeth Barboza França e Valéria Maria de Azeredo Passos, juntamente com a Maria de Fátima Marinho de Souza, do Ministério da Saúde, assumiram a coordenação do Projeto GBD Brasil, que é vinculado ao Programa de Pós Graduação em Saúde Pública. A intenção, segundo Valéria, é ampliar a oportunidade de participar desta iniciativa de pesquisa e ensino aos colegas da UFMG e do Brasil, envolvidos no estudo da epidemiologia de doenças. Para isto, foi criada a Rede GBD-Brasil, que já conta com a participação de mais de 50 pesquisadores em epidemiologia de todo o país, com expertises diversas e complementares.