Participação do pai é fundamental na amamentação
01 de agosto de 2013
Engana-se quem pensa que apenas as mães têm importância na amamentação dos filhos. A participação dos pais também é fundamental para que a criança seja alimentada exclusivamente com leite materno pelo menos até o sexto mês de vida, como recomenda a Organização Mundial de Saúde (OMS). O apoio e o incentivo paterno contribuem para que algumas dificuldades comuns no pós-parto, como a insegurança em relação à amamentação, sejam mais facilmente superadas. E os benefícios são para toda a família.
O leite materno é o alimento ideal para o crescimento e desenvolvimento adequado de crianças. Entretanto, principalmente nos 10 primeiros dias após o parto, o leite sai em pequena quantidade e só é estimulado à medida que o bebê suga o seio da mãe. “Nessa fase, as mães ficam mais ansiosas e acham que não estão produzindo leite suficiente. Sem o apoio dos pais, elas acabam optando por complementar a alimentação da criança”, diz o professor do programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG, Joel Alves Lamounier.
De acordo com o professor, outras situações, como surgimento de fissuras nas mamas, ingurgitamento mamário – inchaço nos seios – e inflamações nas glândulas mamárias, que podem provocar dor na hora de amamentar, também são realçadas por falta de suporte do companheiro e levam ao desmame precoce.
Pesquisa
Estudo realizado nos municípios de Carbonita, São Gonçalo do Rio Preto e Datas, na região do Alto Jequitinhonha, em 2006, constatou que o risco de interrupção do aleitamento materno para crianças que não residem com o pai biológico é 1, 47 vezes maior em relação às que residem.
Além disso, a pesquisa, que foi realizada pelo professor Joel e pelo médico do Hospital das Clínicas da UFMG, Francisco José Ferreira da Silveira, demonstra que quando os pais aprovavam intensamente a amamentação, 98,1% das crianças eram amamentadas, e quando ele era indiferente, o índice reduzia para 26,9%.
Outro ponto constatado foi o de que embora o pai possa demonstrar interesse e disposição em ajudar a mulher no início da amamentação, a ausência ou pouco conhecimento sobre aspectos práticos pode influenciar a opção por mamadeiras e outros tipos de leite.
O pré-natal consiste no período adequado para que esses conhecimentos sejam passados aos companheiros. Porém, de acordo com o estudo, apenas 25% dos futuros pais estavam presentes nas consultas.
Alguns motivos alegados para o não comparecimento foram: impossibilidade de irem ao serviço de saúde, não solicitação pelos profissionais de saúde e porque “achou que o médico podia não gostar”.
Corresponsabilidade
Outra pesquisa realizada em Belo Horizonte, no Hospital Amigo da Criança, acrescenta que os programas formulados para incentivo e apoio ao aleitamento materno devem incluir ações específicas para os homens.
O estudo realizado pelo professor Joel Lamounier e pela consultora em Dietoterapia e Reeducação Alimentar, Cleise dos Reis Costa Piazzalunga, em 2006, também alerta para os cuidados com as mães que não possuem companheiros próximos. De acordo com a pesquisa, é preciso que os agentes da saúde as acompanhem, para que elas não interrompam a amamentação.
“A orientação sobre aleitamento materno deve ser importante preocupação para os profissionais de saúde. Com os resultados encontrados, é possível verificar a necessidade de mais investimento desses profissionais em ações educativas direcionadas não só para a mãe, mas para o casal”, observa o professor.
Recomendações
Para a garantia do sucesso do aleitamento, Joel recomenda que uma vez iniciada a amamentação, o pai a reforce com apoio verbal e elogios à mulher, para ela se sentir mais confiante e segura.
Algumas dicas aos pais como saber entender e ouvir as necessidades da mãe, participar das tarefas domésticas e ajudar a trocar e dar banho na criança, segundo o especialista, também são importantes para o incentivo ao aleitamento. “Além disso, quando o casal já tem filho, o pai pode dar mais atenção para que essa criança não sinta ciúmes da mãe com o neném”, acrescenta.
O professor conta que tais ações ocasionam mudanças nas concepções sobre a maternidade e, consequentemente, no exercício de ser pai. “Isso possibilitará o apoio, incentivo e promoção da amamentação, aumentando os índices de aleitamento materno e favorecendo a saúde das crianças”, avalia.