Paternidade: os prazeres e as preocupações de ser pai pela primeira vez


12 de agosto de 2016


Homens também estão expostos à diversidade de sentimentos que afetam as mulheres durante a gestação

Walisson Menezes*

A paternidade é um dos momentos mais importantes na vida de um homem. De repente, se tornam responsáveis por uma vida além da sua. Ao lado da mãe, serão o principal provedor das necessidades de outro ser humano ao longo de quase duas décadas. Sendo assim, é normal que a vida do casal vire de cabeça para baixo durante o período de gestação, e que a cabeça dos homens se encha de preocupações. O que comprar, quanto poupar, a qual hospital levar, o que fazer quando ele começar a chorar? Estas são apenas algumas das perguntas que farão parte da rotina dos pais de primeira viagem, por vários anos.  São tantas as emoções deste período, que muitos homens acabam desenvolvendo sintomas físicos e psicológicos parecidos com os das mulheres, como enjoos, enxaqueca, desejos incomuns e sensibilidade à flor da pele.

Mesmo com as tensões, os novos papais passam por um período de grandes alegrias e aprendizado. O que antes costumava preocupá-los acaba perdendo a importância, ao passo que coisas deixadas em segundo plano começam a importar cada dia mais. Tudo passa a girar ao redor da criança que está por vir e os pais não querem perder tempo com mais nada além dos preparativos para o tão aguardado momento: o parto.

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Síndrome costuma ser apresentada por homens que estão mais comprometidos com o momento da gestação. Foto: reprodução/internet

Mas antes disso, são nove meses de muita preocupação, alegria e preparativos. O professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Frederico Garcia, que foi pai pela primeira vez há menos de um ano, se lembra do momento em que recebeu a notícia. “Um misto de ansiedade e prazer. Nós já estávamos planejando ter um filho, mas é claro que o desconhecido sempre nos deixa apreensivos quanto ao que pode acontecer. É um momento muito intenso para gente, pois ocorre a liberação de hormônios, além de várias outras coisas que acontecem com a mãe, e que hoje a gente sabe que também acontece com o pai”, comenta.

Apesar de vários homens tentarem disfarçar, eles também estão expostos à enorme diversidade de sentimentos que afetam as mulheres durante os nove meses. Ao conjunto de sintomas relativos à gravidez apresentados pelos homens, é dado o nome de “Síndrome de Couvade”. A síndrome é mais comum do que se imagina e afeta metade dos homens durante o período – número que pode ser ainda maior, já que muitos preferem esconder os sintomas. Também conhecida como “Gravidez Simpática”, a síndrome costuma ser apresentada por homens que estão mais comprometidos com o momento da gestação, os que não têm medo de demonstrar seus sentimentos e têm grande ligação afetiva com sua parceira. “Boa parte dos homens tem o aumento desse hormônio chamado oxitocina, que é um hormônio que nos deixa mais empático, atencioso, flexível, etc. O que é muito importante para nos adaptarmos a todas as novidades que vão acontecendo. A paternidade é tão importante do ponto de vista psicológico para o homem quanto para a mulher”, confirma o professor Garcia.

Após o nascimento

Passado o momento do parto, tudo muda novamente. É hora de se adaptar à nova rotina de estar sempre à disposição do bebê. Acordar várias vezes durante a noite, por exemplo, se torna comum. Além da vasta lista de necessidades do bebê, os homens se veem diante de uma gama de novas perspectivas e visões de mundo. O professor Frederico Garcia conta que, após a paternidade, o que mais mudou em sua vida foram as prioridades. “Na verdade muita coisa que a gente julga ser importante quando se é solteiro muda depois que nós temos filhos. Antes eu sonhava em mudar o mundo, hoje eu sonho em criar e ajudar os cidadãos a mudar o mundo no futuro”.

Tudo fica mais fácil com a presença de um pai participativo e ativo na criação do bebê. Que a mulher é a personagem principal do período de gestação e após o nascimento, isso é indiscutível. Afinal, são elas que carregam o bebê por nove meses, que sentem as dores do parto e que também amamentam. Mas a importância de um pai carinhoso, participativo e cuidadoso é um diferencial. Criar um bebê é um trabalho muito grande para apenas uma pessoa, e o pai pode e deve dividir os cuidados com a mãe, sem vergonha. A mulher não deve ser a única a trocar as fraldas, dar banho ou amamentar e, para isso, os homens devem deixar para trás os velhos hábitos e dividirem os cuidados com as suas esposas.

Aos pais de primeira viagem, é importante saber que as preocupações são normais neste período, quando os sentimentos ficam à flor da pele. Mas não se pode desanimar. É preciso ter cabeça fria e colocar os planos em ordem para a chegada do bebê. Este é um momento único na vida de um ser humano e deve ser vivido da melhor forma possível. “Aproveite e fique junto de sua esposa o máximo possível. Porque este é um dos momentos mais legais da vida e dura pouco. É importante sonharem e construírem juntos, porque esse vínculo entre o pai e a mãe acaba sendo muito importante para os filhos no futuro. Ter filhos é melhor ainda do que costumam dizer. Se alguém tivesse me contado isso antes, eu acho que teria tido mais filhos”, brinca o professor.

*Redação: Walisson Menezes – estagiário de jornalismo
Edição: Larissa Rodrigues