Pesquisa ajuda a compreender como Aedes aegypti transmite doenças sem ser afetado


07 de fevereiro de 2019


Foto: Pixabay

Uma pesquisa do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG abre caminhos para compreender os mecanismos que permitem ao mosquito Aedes aegypti carregar os vírus da Dengue e da Zika sem sofrerem os efeitos negativos. Liderado pelo professor João Trindade Marques, do departamento de Bioquímica e Imunologia do ICB, e em parceria com pesquisadores franceses do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) e da Universidade de Estraburgo, o estudo foi publicado na revista Nature Microbiology.

Com a pesquisa, o grupo identificou um novo gene, denominado Loqs2, cuja expressão no intestino dos mosquitos transmissores diminui sua susceptibilidade às doenças. “Nosso trabalho descreve uma especialização de interferência de RNA que tornaria a defesa antiviral mais eficiente em mosquitos Aedes que são, paradoxalmente, os vetores mais permissivos para a transmissão de vírus”, explica o professor João Trindade.

Este novo gene parece ser essencial para controlar a disseminação sistêmica dos vírus da Dengue e Zika. “A expressão ectópica de loqs2 no intestino médio foi suficiente para tornar os mosquitos resistentes à infecção pelos vírus da Dengue e Zika. É importante observar que o Loqs2 está presente apenas nos mosquitos Aedes, mas não em outros mosquitos relacionados, como o Culex”, afirma o pesquisador.

Muitas questões ainda permanecem, mas a identificação do gene Loqs2 é um primeiro passo para lançar alguma luz sobre a única resposta antiviral em mosquitos Aedes e ajudar a explicar por que esses vetores são tão eficientes para o vírus.

Artigo: Control of dengue virus in the midgut of Aedes aegypti by ectopic expression of the dsRNA-binding protein Loqs2
Publicado na revista Nature Microbiology (v. 3, p. 1385–1393, 2018). Disponível aqui.

Redação: Com Assessoria de Comunicação Social e Divulgação Científica do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG