Pesquisa testa novo método contra HIV e recruta participantes

Uso da PrEP será avaliado em jovens de 15 a 19 anos com maior vulnerabilidade à infecção pelo vírus


10 de junho de 2019 - , , , , ,


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Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFMG sobre a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) terá uma nova etapa. Após comprovada a eficiência na prevenção ao HIV em adultos, o uso do medicamento será avaliado também em jovens de 15 a 19 anos com maior vulnerabilidade à infecção pelo vírus. Para a nova etapa do estudo, os pesquisadores estão recrutando participantes dentro da faixa etária indicada, sobretudo homens que fazem sexo com outros homens, gays e mulheres trans.

O objetivo é certificar a aceitabilidade e implicações da PrEP entre os jovens. Em dez anos, o índice de detecção de aids quase triplicou na faixa etária de 15 a 19 anos. De acordo com o Ministério da Saúde, os casos saltaram de 2,4 por 100 mil habitantes, em 2006, para 6,7, em 2016. “Queremos entender de forma mais sistemática se esse grupo irá aderir a PrEP, se o número de novas infecções reduzirá, se eles continuarão a usar outros métodos preventivos para as demais infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e os efeitos colaterais”, explica co-coordenador da pesquisa e professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Unaí Tupinambás.

Os resultados da pesquisa serão um passo importante para a formulação de políticas públicas para essa faixa etária e para a expansão da oferta do medicamento, atualmente disponibilizado para pessoas acima de 18 anos com risco acrescido da infecção pelo HIV. De acordo com professor Unaí, o intuito é recrutar 200 jovens até o final de novembro deste ano. Os participantes serão acompanhados no Centro de Referência da Juventude de Belo Horizonte.

Em adultos, o estudo realizado pela Faculdade de Medicina da UFMG comprovou a eficácia de 95% para a prevenção do HIV. Com isso, a PrEP passou a ser disponibilizada pelo SUS para algumas populações prioritárias. O medicamento deve ser usado diariamente e tem efeito protetivo após sétimo dia de uso em relações anais e após 20 dias em relações vaginais. “Gosto de fazer um paralelo com o uso de anticoncepcionais, que para ter eficácia garantida, tem que ser usado regulamente. Esse método é chamado de prevenção combinada, onde a pessoa pode combinar com outros métodos, uma vez não protege contra outras ISTs”, esclarece o professor Unaí Tupinambás.

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Como funcionará?

Para o recrutamento dos jovens, uma equipe de educadores é responsável por fazer a abordagem dessa população em pontos comuns de sociabilização. Os participantes também chegam através da indicação de pessoas que já conhecem o programa ou por adesão espontânea, bem como pela interação com o aplicativo desenvolvido exclusivamente para o projeto (Amanda Selfie). No primeiro momento, é feito uma triagem com os interessados, que recebem informações sobre a pesquisa, respondem a um questionário-entrevista junto à equipe psicossocial e realizam exames laboratoriais para ISTs. Os voluntários que optarem por receber o medicamento, iniciam o uso da PrEP, retornam em 30 dias para o acompanhamento e depois a cada três mês.

Aqueles que optarem por não fazer o uso do medicamento, vão para o braço não PrEP da pesquisa, onde recebem orientações, participam de rodas de conversas, distribuição de preservativos, testagem rápida de HIV, entre outras atividades. É possível se desligar da pesquisa a qualquer momento, sem nenhum prejuízo para essa pessoa.

Além do professor Unaí, a pesquisa também é coordenada pelo professor aposentado do Departamento de Clínica da Faculdade de Medicina, Dirceu Greco, membro do Comitê Internacional de Bioética do Unesco-Paris. A nova etapa do estudo também ocorre na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Federal da Bahia (UFBA), com financiamento do Ministério da Saúde e da Unaids – órgão da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Interessados em participar da pesquisa devem entrar em contato pelo (31) 99726-9307 para agendar uma entrevista.