Pesquisa traz avanços sobre febre amarela e lesões no fígado


08 de maio de 2019


Biópsias de células hepáticas de pacientes afetados pelo vírus permitiram aos pesquisadores diagnosticar os diferentes níveis de danos ao fígado

Segundo o último balanço do Ministério da Saúde, entre julho de 2017 e junho de 2018 foram confirmados 1.376 casos de Febre Amarela no Brasil, dos quais 483 resultaram no óbito das vítimas. Os dados representam um aumento de quase 77% em registros da doença e de 84% em mortes, se comparados aos anos 2016 e princípio de 2017. A expressividade dos números motivou pesquisadores do Liver Center UFMG e médicos do Hospital Felício Rocho a desenvolverem estudo transdisciplinar sobre o tratamento de lesões hepáticas pelo vírus da Febre Amarela.

Os estudos, que tiveram início no primeiro semestre de 2018, identificaram a existência de uma mudança na via de sinalização das células infectadas, o que possibilitou aos pesquisadores a exploração dessa via como alvo terapêutico para a prevenção e/ou tratamento dos danos hepáticos provocados.  

A nível clínico, com a equipe médica do Hospital Felício Rocho, da qual faz parte o professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG, Cristiano Xavier, cirurgião geral com especialização em transplante hepático, a pesquisa  da fisiologia do fígado e de casos pré e pós-operatórios através de biópsias conflui para um entendimento mais aprofundado sobre as células hepáticas, de forma geral. ‘‘O conhecimento que está sendo adquirido com este modelo experimental de acometimento hepático por um vírus, e, especificamente, o da Febre Amarela, pode ser transformado em outros conhecimentos para outras doenças’’, destaca Xavier.

Além disso, outro achado importante do estudo, segundo a pesquisadora Fernanda Lemos, pós-doutoranda do Departamento de Fisiologia e Biofísica da UFMG, foi a verificação de que os pacientes com Febre Amarela desenvolvem esteatose, um acúmulo de gordura nas células do fígado: ‘‘Mesmo nos pacientes que se recuperaram da doença de forma natural,  a patologia pode, futuramente, impactar na qualidade de vida e no desenvolvimento de outras doenças. Os próximos passos incluem focar nessa descoberta para entender melhor esse processo’’, conclui a pesquisadora.


Confira a reportagem realizada pela TV UFMG: 

Entrevistados: Cristiano Xavier, prof. depto. Cirurgia da Faculdade de Medicina/UFMG; Fernanda Lemos, pós-doutoranda do Instituto Ciências Biológicas/UFMG; Maria de Fátima Leite, prof. depto. Fisiologia e Biofísica do ICB/UFMG

Equipe: Leonardo Milagres (produção e reportagem), Cássio de Jesus (imagens), Tatiane Coura (edição de imagens) e Jessika Viveiros (edição de conteúdo)