Preenchimento incorreto de prontuário impede avanços no tratamento
27 de novembro de 2019 - câncer, projeto de extensão, registro hospitalar do câncer
Não é possível combater uma doença e propor melhorias no atendimento à população sem antes conhecer a realidade da enfermidade no país. Quando se trata do câncer, um meio importante de obter informações sobre a doença e as questões que a envolve é o Registro Hospitalar de Câncer (RHC), que coleta dados de pacientes com suspeita ou confirmação de câncer. No entanto, o preenchimento incorreto dos prontuários nos hospitais tem sido uma barreira para a sistematização de dados que possam subsidiar políticas públicas mais efetivas.
Por isso, no Dia Internacional e Nacional de Combate ao Câncer, comemorado nesta quarta-feira (27), o projeto de extensão “Registro Hospitalar de Câncer: uma estratégia na atenção oncológica”, faz um alerta e pedido aos profissionais de saúde para que não descuidem dos prontuários. “Quanto mais rico esse prontuário é de informações, mais isso irá refletir na qualidade do atendimento prestado”, enfatiza a coordenadora do projeto Karla Emília de Sá Rodrigues.
O RHC é uma das fontes de informações para o Registro Nacional do Câncer, que também é composto pelo Registro de Câncer de Base Populacional (RBCP). Segundo a professora Karla Emília, existe grande deficiência no preenchimento de dados simples para o RHC, como o sexo e cor do paciente, comprometendo o Registro Nacional e apontamentos de políticas públicas.
O acesso aos dados Registro Nacional do Câncer são de domínio público e podem ser acessados através do portal do INCA.
“A partir dos dados temos uma noção sobre os cânceres mais prevalentes em determinadas região, se as pessoas estão chegando já em um estágio mais avançado, se são cânceres que podem ser prevenidos”, exemplifica a professora. Assim, de acordo com ela, é possível saber, por exemplo, se deve investir mais em campanhas para prevenção, ou se o problema de o câncer estar em estágio mais avançado é devido à demora ou dificuldade para acessar ao tratamento.
Além de permitir considerar novas estratégias de prevenção e formas de tratamento do câncer, o registro também é importante para o repasse de recursos para o próprio hospital. “O tratamento da leucemia, por exemplo, aumenta o risco de infeções. Alguns antifúngicos são muito caros e quando o hospital noticia adequadamente consegue ter acesso mais rápido ao ressarcimento do medicamento”, comenta Karla Emília.
Estratégia na atenção oncológica
O projeto de extensão “Registro Hospitalar de Câncer: uma estratégia na atenção oncológica” reúne grupo de alunos, sob a coordenação da professora Karla Emília, para participarem da vigilância da doença, acompanhando pacientes e preenchendo formulários da forma correta.
Os alunos também participam de atividades junto à comunidade interna e externa. “Estamos fazendo reuniões semanais com os residentes dos ambulatórios do Hospital das Clínicas da UFMG para a conscientização sobre o RHC”, conta o integrante do projeto e estudante do 5° período de Medicina, Renato Couto.
Ele adianta que o grupo está trabalhando na produção de um material para checklist sobre o que os médicos não devem esquecer de colocar nos prontuários, como a história familiar do câncer.