Prevenção ao suicídio: entenda alguns sinais
No mês em que é feita uma campanha de conscientização sobre a realidade do suicídio, o Setembro Amarelo, Saúde com Ciência reapresenta série dedicada ao tema
08 de setembro de 2017
No mês em que é feita uma campanha de conscientização sobre a realidade do suicídio, o Setembro Amarelo, Saúde com Ciência reapresenta série dedicada ao tema
Existe ainda um mito de que o indivíduo que vai se matar não fala sobre isso. Algumas pessoas tendem a achar que aquele indivíduo quer chamar a atenção, mas qualquer comunicação de uma intenção suicida – problema de saúde pública no Brasil – deve ser levada a sério.
É o que afirma o professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Humberto Correa. “A imensa maioria dos suicidas comunicou a pessoas próximas nos dias, semanas anteriores, sobre esse desejo”, diz. Para quem tem esse tipo de comportamento, Correa indica um serviço especializado que avalie a situação de modo mais individualizado e indique rapidamente um tratamento, antes que a pessoa atente contra a própria vida.
O suicídio está associado, em geral, a problemas psiquiátricos, como depressão e transtorno bipolar. O consumo recorrente do álcool e outras drogas pode agravar quadros de tristeza, desânimo, falta de interesse e perspectiva de vida. Nas últimas décadas, houve um aumento considerável na mortalidade em jovens dos 15 aos 30 anos, sendo que os idosos, a partir dos 60 anos, lideram a lista. “No Brasil, morrem por suicídio três a quatro vezes mais homens do que mulheres”, acrescenta o psiquiatra.
No país, o suicídio vem crescendo, em números gerais, de forma lenta mas progressiva. Em 2015, a estimativa era de que ocorriam cerca de 12 mil suicídios por ano – média de 30 óbitos por dia. No entanto, esse dado pode não corresponder à realidade devido à ineficiência dos sistemas de registros e, principalmente, ao medo ou vergonha dos familiares em admitir o ocorrido. “Um assunto que é tabu a gente não fala, a gente não discute e, no entanto, é um assunto de saúde pública”, alerta Humberto Correa.
Mais prevenção
Como está quase sempre associado às doenças psiquiátricas, é urgente a criação de políticas públicas que ofereçam acompanhamento psicológico e psiquiátrico, tanto para as pessoas que já tentaram cometer suicídio quanto para quem apresenta histórico de episódios depressivos.
Sobre a família, o psiquiatra pede para ela observar com atenção sinais como tristeza patológica e falta de interesse, além de expressões que demonstrem a vontade do indivíduo em deixar de viver. “Muitas vezes, além de conversar, a ajuda vai ser encaminhar para um tratamento, seja psicoterápico ou medicamentoso”, indica.
Outra estratégia é oferecida pelo Centro de Valorização à Vida (CVV), organização sem fins lucrativos destinada a escutar essas pessoas. Segundo a voluntária do CVV em Belo Horizonte, Ordália, seu trabalho é ouvir as pessoas que estão em crise, que queiram desabafar. “Então elas ligam para o centro e são ouvidas com respeito e sigilo. O que a gente conversa fica entre o voluntário e a pessoa que ligou”, garante.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.
O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.
Redação: Isabela Santiago | Edição: Lucas Rodrigues
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