Problemas hormonais e funcionais podem afetar mudança da voz


14 de abril de 2016


As crianças têm uma laringe mais alta para facilitar funções vitais, como a respiração e deglutição. Já na puberdade, entre os 12 e 14 anos de idade, os adolescentes enfrentam mudanças hormonais que afetam todo o corpo do indivíduo, e modificam, entre outros aspectos, o tom da voz. Esse é o período de mudança vocal, quando a laringe cresce e se desloca para uma área mais baixa no pescoço.

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Foto: Banco de Imagens

“Com esse processo, os adolescentes passam a ter uma angulação mais fechada da cartilagem tireoide, favorecendo o crescimento muscular da prega vocal”, explica a professora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Ana Cristina Côrtes Gama. Segundo a especialista, o tamanho da prega vocal define a gravidade da voz, sendo a dos meninos maior que das meninas. Consequentemente, os homens apresentam vozes mais graves.

A não alteração da voz pode estar associada a problemas de saúde

Em alguns casos, a alteração de voz não acontece. Se a causa for uma disfunção hormonal, o tratamento consiste no atendimento endócrino. Mas se o problema for funcional, o tratamento será fonoterápico, para o que a Fonoaudiologia chama de disfonia da muda vocal.

Essa disfonia acontece quando a laringe cresce, mas mantém uma posição mais alta no pescoço. “Suas causas podem ser, por exemplo, a perda da audição, em que a pessoa não escuta a própria voz e mantém uma emissão mais aguda, e questões emocionais”, afirma Ana Cristina. “Nesse último caso, o indivíduo pode ter uma personalidade mais tímida ou infantil, e aí mantém a voz aguda”, completa.

A fonoterapia, então, trabalha exercícios musculares que estimulam a emissão de uma voz mais grave. “Isso porque o tratamento posiciona a laringe numa região que favorece a emissão desses sons”, comenta a professora.

Ainda podem existir aspectos relacionados ao problema, como o próprio emocional, ou consequências que a voz mais aguda traz, como o bullying.   Dessa forma, as ações terapêuticas são acompanhadas pelo tratamento psicológico. “Alguns indivíduos, porém, tem a voz mais aguda e se identificam com ela. Nesse caso, não há problema a ser tratado”, aponta.