Problemas nas mãos podem afastar pessoas do trabalho
Nova série do Saúde com Ciência apresenta algumas das doenças mais comuns que acometem os membros superiores
16 de outubro de 2015
Nova série do Saúde com Ciência apresenta algumas das doenças mais comuns que acometem os membros superiores
Dores lombares, lesões nos ombros e tenossinovites – inflamações que atingem os tendões dos pés e das mãos – são exemplos comuns de problemas ósseos e musculares que atingem os trabalhadores. Somente entre 2010 e 2012, a Previdência Social concedeu 370 mil auxílios-doenças a pessoas que tiveram algum prejuízo na saúde devido a essas lesões no trabalho.
Mas que lesões seriam essas? Conhecidos popularmente como L.E.R (Lesões por Esforço Repetitivo), os DORTs – Distúrbios Osteoarticulares Relacionados ao Trabalho – têm causas diversas, desde características individuais até as condições de trabalho, e envolvem doenças que podem acometer os membros inferiores e superiores. “São doenças inflamatórias e degenerativas que vão acometer o sistema ósseo-muscular dos trabalhadores. Se caracterizam pela presença de sintomas como dor, parestesia e fadiga”, afirma a enfermeira especialista em Saúde do Trabalhador, Mariana Simões, professora da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
Mariana acrescenta que tais distúrbios se tornaram mais comuns nas últimas décadas, devido às mudanças no mercado de trabalho: “O mercado de trabalho exige muito do trabalhador, principalmente com o aumento de metas, pagamento por produtividade, o que pode levar esse trabalhador a ir além das suas condições”. Caso esses danos sejam permanentes, existe o risco, inclusive, de uma aposentadoria precoce, sendo muito importante a realização de um diagnóstico cedo, o que nem sempre acontece. “Nós temos informações apenas daqueles trabalhadores que estão assegurados pela Providência Social. Então, trabalhadores informais ou que trabalhem por conta própria, nós não temos acesso a essa informação”, observa a professora.
Tipos de DORT
Entre as lesões que podem prejudicar movimentos simples das mãos, estão as tendinites de punho, inflamações que acometem qualquer um dos tendões localizados na região do punho. Um exemplo é a Síndrome de De Quervain, que foi descrita pelo médico suíço Fritz De Quervain em 1895 e atinge a borda lateral do punho. Alguns pacientes encontram dificuldades para segurar objetos com o dedo polegar, no chamado movimento de pinça.
O ortopedista e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Ubiratan Brum, cita como fatores de risco para as tendinites o diabetes, o hipotireoidismo e a má formação anatômica. No caso da de De Quervain, a gravidez e a perimenopausa – período que antecede a menopausa e marca o fim do ciclo reprodutivo nas mulheres – são outros fatores relacionados: “Também no período pós-parto, devido ao movimento específico de manipulação e cuidado da criança”, completa o professor. Segundo ele, o diagnóstico costuma ser realizado a partir dos relatos do paciente e de um exame físico, dispensando a realização de uma ressonância ou mesmo da radiografia. Normalmente, o tratamento é feito com o uso de medicamentos antiinflamatórios e talas na região afetada.
Outra lesão semelhante é o dedo em gatilho, conhecido cientificamente como tenossinovite estenosante. Ela se caracteriza por uma inflamação no tendão responsável pela flexão do dedo, fazendo com que ele fique sempre dobrado, mesmo que o indivíduo tente abri-lo. Além do diabetes e hipotireoidismo, fatores de risco das tendinites de punho, Ubiratan Brum acrescenta: “Devemos observar se existe algum movimento que a gente faz que determine esse tipo de lesão. Estar atento a uma postura anormal, como ao trabalhar com mouse, em lugares apertados e que envolvam a rotação do punho”. É possível que o distúrbio acometa recém-nascidos, mas a alteração está associada ao envelhecimento. No caso do dedo em gatilho, o procedimento cirúrgico é, em geral, o tratamento mais recomendado.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência apresenta a série “Saúde das Mãos” entre os dias 19 e 23 de outubro. O programa, produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira às 5h, 8h e 18h, ouça na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM.
O programa também é veiculado em outras 168 emissoras de rádio, que estão inseridas nas macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.