Professores são premiados por avanços em pesquisa sobre hemodiálise


28 de maio de 2019


Estudos divulgam inovações para quem faz hemodiálise, visando reduzir a mortalidade por infecções e falência vascular

Guilherme de Castro Santos (ao centro) e os membros da comissão organizadora, Fabio Linardi (à esquerda) e Marcelo Calil Burihan (à direita). Foto: SBACV-SP

Os professores do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG, Guilherme de Castro Santos e Túlio Pinho Navarro, foram premiados por dois de seus estudos apresentados no 5º Congresso Brasileiro Multidisciplinar de Acesso Vascular para Hemodiálise. Os trabalhos propõem melhores soluções para os pacientes que perderam a função renal por algum motivo e precisam realizar a hemodiálise.

Segundo o professor Túlio Navarro, líder do grupo de pesquisadores que desenvolveu os trabalhos, as premiações em um evento dedicado ao assunto são um grande estímulo para continuar a buscar por melhores condições e atendimento a esses pacientes. “Nossa equipe está na vanguarda de novas técnicas e tecnologias, portanto somos responsáveis por propagar inovações e isto foi evidenciado nestes trabalhos”, afirma.

O congresso aconteceu em março, na cidade de São Paulo, e reuniu profissionais de diversas áreas que se dedicam ao estudo de acessos vasculares para hemodiálise. Uma comissão julgadora formada por especialistas da área concedeu aos trabalhos dos professores, a primeira e segunda colocação na modalidade pôster.

Inovações

O professor Guilherme revela que no Brasil, aproximadamente, 120 mil pessoas realizam hemodiálise periodicamente, com uma taxa de mortalidade de 20% ao ano. “Dentre as causas, duas das principais são a infecção por cateter e os eventos cardiovasculares”, acrescenta. Essas complicações são os focos dos estudos premiados, que oferecem alternativas mais seguras para que o paciente possa realizar o tratamento.

Ele explica que, para a hemodiálise, é necessário que sejam feitos os acessos vasculares, locais por onde o sangue sai para a limpeza, através da máquina de diálise, e é devolvido para o organismo após a filtragem. Esse acesso vascular pode ser feito por três técnicas: o cateter, a prótese e a fístula.

Guilherme afirma que, a longo prazo, quem faz hemodiálise acaba perdendo os acessos por desgaste nas veias, um processo chamado falência vascular. “Um dos estudos premiados é sobre o caso de uma paciente com falência vascular, encaminhada ao nosso serviço, ou seja, que não tinha mais nenhum acesso. Nós conseguimos implantar um cateter na veia cava da paciente, através de punção direta, permitindo que ela pudesse fazer a hemodiálise”, explica.

Segundo o professor, a punção da veia cava é uma técnica de exceção, já que não é geralmente acessível para a colocação de cateter. Mas destaca a realização do procedimento neste caso muito específico, o que possibilitou maior sobrevida para a paciente.

Entretanto, ele ressalta que dentre as opções disponíveis para a hemodiálise, o cateter tem a maior taxa de mortalidade. Isso acontece porque uma parte do tubo fica fora do corpo, então o paciente tem uma série de restrições e maior risco de ter infecções.

Melhorar a segurança das pessoas que lidam com esse risco foi o objetivo do estudo premiado em primeiro lugar. O professor explica que essa pesquisa foi conduzida com pacientes que já tinham falência vascular e por isso não poderiam fazer a hemodiálise através de fístulas ou próteses, por isso o acesso era feito por cateter. “Então, observamos uma nova técnica, que é uma prótese colocada no membro superior e conectada aos vasos da região da axila. Constatamos que essa inovação permitiu que os pacientes deixassem de usar o cateter”, esclarece.

Reconhecimento para pesquisas

O professor Túlio acredita que as universidades públicas têm papel histórico no desenvolvimento de pesquisas, tanto em quantidade, quanto em qualidade. Ele frisa que a pesquisa é uma ferramenta indispensável para o ensino de qualidade.

Para Túlio, essas premiações são um grande estímulo ao trabalho e demonstra que as pesquisas são qualificadas. “Com a divulgação destes trabalhos, outros médicos serão capazes de aplicar as técnicas e também aumentar a qualidade e a quantidade de vida dos pacientes onde quer que estejam”, enfatiza.

Guilherme defende que esse reconhecimento para os trabalhos é importante para melhorar as perspectivas para quem tem falência vascular. Túlio concorda com essa visão e acrescenta que as técnicas demonstradas podem ser aplicadas no dia a dia do tratamento por hemodiálise, com franco benefício à qualidade de vida e sobrevida dessas pessoas.

Os trabalhos premiados foram desenvolvidos pelo grupo de pesquisa especializado em acessos vasculares para hemodiálise, do Hospital das Clínicas da UFMG. Confira abaixo o título e autores de cada trabalho:

1º colocado
Título: Prótese arteriovenosa áxilo-axilar ipsilateral como alternativa de acesso em pacientes em uso crônico de cateter – série de casos
Autores: Guilherme de Castro Santos, Camilo Meygede Brito, Izis Ferreira Valadão, Ricardo Jayme Procópio e Túlio Pinho Navarro.

2º colocado
Título: Punção de cateter translombar em veia cava inferior e em paciente com falência vascular – Relato de Caso
Autores: Guilherme de Castro Santos, Elisa Lima Alves, Ricardo Jayme Procópio e Túlio Pinho Navarro