Projeto Elsa inicia pesquisa sobre efeitos da pandemia na saúde da população

Estudo avaliará impactos na saúde do brasileiro causados por mudanças de hábitos, estresse, infecção pelo vírus, entre outros parâmetros.


19 de junho de 2020 - , , , ,


O Projeto Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (Elsa Brasil) dá início a pesquisa inédita para identificar impactos da pandemia na ocorrência e controle de doenças crônicas, assim como na saúde mental. O estudo ocorrerá em três etapas, com a participação de cerca de 14 mil voluntários, que terão dados coletados em anos anteriores comparados aos obtidos durante e após pandemia.

“Temos algumas hipóteses que motivaram a pesquisa, como as próprias mudanças provocadas pelo distanciamento que sobrecarregam as pessoas com níveis superiores de estresse e afetam sua saúde”,

explica a professora da Faculdade de Medicina da UFMG Sandhi Barreto, coordenadora do projeto em Minas Gerais.  

De acordo com a professora Sandhi Barreto, outra hipótese de efeitos diretos e indiretos da pandemia são alterações na rotina de atividade física e na alimentação, que podem levar a ganho de peso maior que o esperado. Com isso, pode haver piora dos níveis glicêmicos e maior risco de obesidade.

Além disso, a professora acrescenta o fato de muitas pessoas evitarem a ida aos serviços de saúde para controle da saúde ou realização de algum procedimento neste período.

Etapas  

Em uma primeira etapa, voluntários de seis estados brasileiros (funcionários e docentes do setor público) , que já vinham sendo acompanhados pelo Elsa Brasil nos últimos anos, responderão a questionários eletrônicos ou por telefone sobre como tem sido a vivência desde o início da pandemia. Essa fase permitirá entender melhor e documentar hábitos de vida, alimentação, prática de atividade física, exposição à covid-19, entre outros.

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Na próxima etapa, quando as medidas de distanciamento não precisarem estar mais vigentes, serão feitos testes rápidos para a covid-19, teste sorológico e para outras infecções comuns no país, como dengue, zika e chikungunya. Também serão verificados outros parâmetros como o controle de peso corpóreo, a pressão arterial e os níveis glicêmicos. “Estabelecemos parceria com a Fiocruz para os exames”, explica a professora.

Na fase final, os dados coletados durante e após as medidas de isolamento social serão comparados aos que foram registrados anteriormente à pandemia. A comparação permitirá conhecer a situação de saúde dos participantes e mudanças enfrentadas com o novo coronavírus.

Elsa Brasil

O Elsa Brasil investiga, desde 2008, a incidência e os fatores de risco para doenças crônicas, especialmente as cardiovasculares e diabetes, em seis instituições públicas de ensino superior e pesquisa das regiões Nordeste, Sul e Sudeste do Brasil. Em cada centro integrante do estudo, os participantes da pesquisa – com idade entre 35 e 74 anos – fazem exames e entrevistas nas quais são avaliados aspectos como condições de vida, diferenças sociais, relação com o trabalho, gênero e especificidades da dieta da população brasileira.

Na Faculdade de Medicina da UFMG, a equipe do Elsa conta com cerca de 20 professores e pesquisadores, que estão mais diretamente envolvidos, além de alunos de pós-graduação, de iniciação científica e bolsistas de pesquisa.

O projeto foi retratado na série de reportagens “Janelas: da universidade para à comunidade” de maio. Confira aqui.