Você tem medo daquilo que você não conhece
Não é todo dia que se vê uma forma de transmissão de uma doença como a Aids ser praticamente erradicada. Nem qualquer trajetória acadêmica. Em 1988, quando foi criado o ambulatório de assistência à criança HIV infectada na UFMG, o grau de conhecimento era precário, os medicamentos disponíveis para tratamento eram escassos e a mortalidade pela doença era muito alta. Trinta anos depois, a transmissão vertical do vírus HIV/Aids, passado de mãe para filho, se tornou uma doença potencialmente erradicável, crônica e de baixa mortalidade, em que as crianças que adquiriram o vírus entram na fase adulta plenamente funcionais.
Quem conta essa e outras experiências até para, quem sabe, despertar nos estudantes o interesse e prazer de fazer parte de um exemplo de evolução rápida do conhecimento é o professor titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina e chefe do Serviço de Imunologia do Hospital das Clínicas da UFMG, Jorge Andrade Pinto. Para Jorge, junto com o sucesso vêm novos problemas, nesse caso, associados à adesão e continuidade do acesso ao tratamento, além dos aspectos de saúde mental dessa população. Lidando com tais fatores dia após dia, é possível olhar pra trás e perceber como o conhecimento se acumula e como ele pode contribuir efetivamente para o conhecimento global, como no caso do grupo coordenado pelo professor, que participou dos primeiros ensaios de drogas antirretrovirais para gestantes, crianças e adolescentes.
Divertida e desafiadora. São esses os adjetivos que o professor Jorge atribui à carreira acadêmica, para aqueles que contemplam a possibilidade de segui-la, de fazer pesquisa ou investigação clínica. “Somos somente tijolos na parede”. A despeito da letra do Pink Floyd que é cantada em uma das músicas instrumentais que acompanha esta trilha, Jorge Pinto diz que você vai colocando um tijolo de cada vez naquela parede, mas, passado algum tempo, você vê um muro inteiro. Ajudando a colocar um tijolo aqui e outro acolá, por meio de pequenos atos contínuos, é que se constrói a “teia do conhecimento”, sua própria história.
Texto, produção e apresentação: Lucas Rodrigues
Fotos: Carol Morena
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