Marco Aurélio Romano-Silva

Acho que nós temos que reaprender a usar nosso tempo livre

Nos anos 20, o antigo prédio da Faculdade de Direito da UFMG, localizado no centro de Belo Horizonte, passou por uma revitalização para acomodar alunos, especialmente da área da saúde, procedentes de outras localidades do país e do exterior. O edifício, conhecido como “Torre de Babel”, é revestido por um tecido fotovoltaico de alta eficiência, que alimenta um sistema de climatização para aliviar o calor daquele verão em que JP, morador do prédio, cursa o 5º período do curso de Medicina da UFMG.

De lá, JP aciona um Sistema Autônomo de Transporte Individual (Sati) por meio do seu integrador de pulso, sendo reconhecido facialmente pelo veículo que o deseja “bom dia” e o desloca à Clínica da Faculdade de Medicina em sete minutos. A Clínica é um conjunto de ambulatórios construído onde funcionava o Ambulatório Bias Fortes, implodido na década de 20 para dar lugar ao complexo atual, de 25 andares. É por meio de diferentes tipos de tecnologia que JP realiza as consultas e exames do dia, podendo se dedicar mais ao paciente e menos à burocracia, sobrando-lhe tempo posterior para discutir os casos clínicos e as últimas diretrizes sobre as doenças diagnosticadas.

Ao voltar pra casa, JP sobe ao terraço do edifício, de onde pode olhar o céu e contar estrelas. Isso depois de ser diagnosticado com um tumor maligno nos olhos aos dois anos de idade, que lhe valeu a implantação de olhos biônicos e a realização dessas atividades. “Porque é possível contar estrelas” foi primeiro lugar do concurso literário “Um dia no Futuro”, promovido pelo programa AVAS21 da Faculdade de Medicina, que teve como proposta retratar um cenário futurístico possível no cotidiano da comunidade interna da Faculdade.

Além de cronista, Marco Aurélio Romano-Silva é professor titular do Departamento de Saúde Mental, livre-docente e especialista em psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria. Com a trajetória profissional toda vinculada à UFMG e atuações no ensino, extensão e pesquisa, tendo sido pró-reitor adjunto de pesquisa da Universidade, ele toma posse, no fim deste mês, como acadêmico titular na Academia Mineira de Medicina.

É no embalo da tecnologia que o professor Romano fala sobre suas principais referências, pesquisas, formação, experiências internacionais e a importância da vivência para além do aprendizado formal escolar. Para ele, o avanço tecnológico permitirá, inclusive, maior contato pessoal, seja na família ou no trabalho, favorecendo a promoção do bem-estar próprio e dos outros.

Texto, produção e apresentação: Lucas Rodrigues
Fotos: Carol Morena

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