Queda de idosos é alerta para doenças mais graves
Estima-se, segundo o Ministério da Saúde, que entre as pessoas com mais de 80 anos, 40% caem a cada ano.
30 de setembro de 2016
É muito comum conhecer ou ouvir falar de algum idoso que sofreu algum tipo de queda, seja ela com fratura ou uma simples luxação. Estima-se, segundo o Ministério da Saúde, que entre as pessoas com mais de 80 anos, 40% caem a cada ano. Dos idosos que moram em asilos ou casas de repouso, a frequência é ainda maior, chegando aos 50%.
As quedas são muito comuns em idosos e, mesmo quando não há uma lesão, precisa ser investigada, já que podem sinalizar algum tipo de doença mais grave. De acordo com o geriatra e professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Flávio Chaimowicz, a queda é um indício de que o idoso não está bem. “A queda está indicando que ele está com uma arritmia nova, que está começando com uma pneumonia, por exemplo. Investigar a causa é uma prioridade, depois a gente tenta evitar novas quedas”, explica.
Os idosos caem mais em função das diversas enfermidades que os acometem na terceira idade. Segundo o professor, os idosos têm mais problemas visuais, como catarata, doença de retina e enxergam pior de um modo geral. Além disso, eles também podem utilizar medicamentos para dormir, antidepressivos ou ansiolíticos, que reduzem a capacidade de reação. Os idosos também têm problemas musculoesqueléticos, ficam com dificuldade para andar, subir, descer e isso também pode facilitar as quedas.
Cuidados
Para evitar os acidentes, é preciso fazer algumas adaptações ambientais para diminuir o risco de quedas nas residências dos idosos. Dentre elas, tirar tapetes dos cômodos, recolher os objetos do chão, iluminar o corredor, colocar piso antiderrapantes nas escadas e instalar corrimão, por exemplo. Já no banheiro, colocar barra de apoio para o banho e para sentar ou levantar do vaso sanitário.
“Para piorar, muitas vezes os idosos vivem em ambientes que favorecem as quedas. A gente chama isso de fatores ambientais, como fio de telefone solto no chão, brinquedo de criança espalhado na sala, cachorro ou gato no meio do corredor, degrau de escada escorregadio, escada sem corrimão”, exemplifica Chaimowicz.
Após a queda
Alguns idosos precisam passar por procedimentos cirúrgicos após a queda, já que, muitas vezes, quebram o fêmur ou a bacia, por exemplo. Segundo Flávio Chaimowicz, é importante que o idoso comece, imediatamente, com a reabilitação, como a fisioterapia. “Depois disso, o idoso pode fazer alguma atividade física regular, um pouco de aeróbica, um pouco de musculação e um pouquinho de alongamento”, comenta.
Além das complicações motoras, o professor explica também que é muito comum que o idoso tenha a Síndrome do Medo de Queda, que é quando a pessoa fica com medo de se locomover e começa a limitar suas atividades. “Então, o idoso, para ele reduzir o risco de queda, ele tem que fazer muita atividade, muita fisioterapia, caminhada, exercícios e não restringir a movimentação. O idoso com síndrome acaba aumentando a chance de ter uma nova queda”, avalia Chaimowicz.
Para que o idoso se recupere é essencial o apoio da família e também atividades para não se sentir incapacitado. “Não tem fórmula. O idoso tem que fazer aquilo que ele goste. Seja uma atividade profissional, com renda, voluntária, atividade doméstica, atividade de lazer”, finaliza o professor.