Reunião da Aliança Global terminou hoje na UFMG*


26 de novembro de 2008


* Atualizada em 27/11/08

Experiências desenvolvidas na UFMG são modelo internacional na formação de mão-de-obra em saúde

Durante toda a manhã de hoje (26), os integrantes da Aliança Global para a Força de Trabalho em Saúde conheceram cinco experiências brasileiras de sucesso desenvolvidas em parceria com a UFMG.

O objetivo do encontro é diminuir a falta de profissionais da área da saúde e garantir melhor qualificação para aqueles que deixam a universidade ou aceitam trabalhar em áreas distantes do país.

Foram apresentados o Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família, o Observatório de Recursos Humanos em Saúde, o Programa Telessaúde, o Pró-Saúde e o curso de Formação de Agentes Comunitários de Saúde.

Segundo o professor Francisco Campos, secretário de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, do Departamento de Medicina Preventiva e Social, a UFMG tem várias experiências em capacitação de recursos humanos para a saúde.

Como exemplo ele destacou o Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família, desenvolvido pelo Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon).

Cuidados
“O Brasil tem hoje um número muito grande de profissionais de saúde da família, são 29.239 equipes, algo em torno de 100 mil profissionais, dos quais menos de 10% são especializados”, afirma o secretário.

Segundo o Ministério da Saúde é preciso especializar pelo menos 52 mil profissionais, por isso a iniciativa da UFMG de capacitação em larga escala, na modalidade educação a distância é uma experiência inovadora, na medida em que permite a formação de até mil profissionais, o que é inviável com cursos presenciais.

A embaixadora da ONU para a Aids, Sigrun Mogedal, uma das integrantes da Aliança Global, elogiou as experiências brasileiras. “O Brasil é um dos países que realmente nos fornece a dimensão exata do cuidado familiar, dos cuidados básicos de saúde e é um dos poucos capazes de envolver médicos, pacientes e toda a comunidade na forma como se conduz a questão da saúde”.

Segundo ela, poucos países no mundo foram capazes, até hoje, de fazer essa inclusão, em um nível de política pública da maneira como o Brasil fez. Isso o torna extremamente importante para o cenário global. “Muito se fala sobre programas e projetos no âmbito dos recursos humanos em saúde, mas poucos agem como o Brasil”, elogiou a embaixadora.

Observatório

Uma apresentação da Estação de Pesquisa de Sinais de Mercado, do Nescon, mostrou aos integrantes da Aliança mais detalhes do Observatório de Recursos Humanos em Saúde. A Estação é responsável pelo levantamento dos dados sobre a escassez de profissionais médicos nos municípios brasileiros.

“O Brasil deveria investir em exportar essas idéias e essa forma de trabalho na saúde, muitos desses programas seriam de grande utilidade para outros países”, afirma Marie-Odile Wati, responsável pela divisão de saúde do governo francês.

Levantamento da Aliança Global mostra que há carências críticas em 57 nações – o Brasil não está nesta lista. O considerado ideal é um profissional (médico/enfermeiro/parteiro) para cada grupo de mil habitantes.

Outro estudo desenvolvido pela Estação de Pesquisa de Sinais de Mercado a pedido do Ministério afirma que no Brasil essa proporção está em 1,15 por mil. Entretanto, apesar de ser um dos países que mais avançaram na área de investimento em capital humano na área de saúde o Brasil ainda apresenta discrepâncias regionais.

Ouça entrevista de Francisco Campos concedida ao jornalista Itamar Mayrink/CBN (MP3 – 4’56”)

Redação: Zirlene Lemos – Jornalista Nescon
Foto: Bruna Carvalho – Estudante de Publicidade