Simpósio debate ações para detecção precoce dos cânceres de mama e de colo do útero


27 de outubro de 2016


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Alexandre de Almeida Barra apresentou as novas Diretrizes para Detecção Precoce do Câncer de Mama. Foto: Débora Nunes

Na segunda parte do “Web Simpósio Outubro Rosa”, realizado pela Faculdade de Medicina da UFMG em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES), em 26 de outubro, foram discutidas novas diretrizes para detecção precoce para os cânceres de mama e de colo de útero. Além disso, foram apontadas as tecnologias disponíveis no Sistema Único Saúde (SUS) para o tratamento.

Câncer de mama

O mastologista e consultor da Coordenação de Atenção à Saúde da Mulher/Rede Cegonha (SES/MG), Alexandre de Almeida Barra, apresentou a palestras “Novas Diretrizes para Detecção Precoce do Câncer de Mama”. Segundo o médico, uma das principais formas de rastreamento da doença é a mamografia, que nos últimos anos aumentou as chances de sobrevida das pacientes.

“Hoje, no Brasil, a recomendação é que a mamografia seja feita a partir dos 50 anos. Apenas 25% da população têm acesso ao exame, sendo que Minas Gerais tem a maior cobertura do país com 35%”, explicou. “Além da mamografia, temos métodos complementares para o diagnóstico da doença, como o ultrassom e a ressonância que, normalmente, são feitos nas mamas mais densas. Porém, como todos os exames, eles têm restrições. Normalmente não são indicados para serem feitos de forma constante como estratégia de rastreamento”, completou.

Para Alexandre, uma das principais formas de prevenção do câncer de mama é a estratégia de conscientização. “Viver bem ajuda a prevenir o câncer. A pessoa precisa conhecer o próprio corpo e os sinais de alerta do câncer. Além disso, a identificação dos sinais de alerta na atenção primária são muito importantes”, concluiu.

Câncer de colo de útero

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Maria Inês de Miranda Lima apontou que o câncer de colo de útero é evitável e tratável. Foto: Débora Nunes

De acordo com ginecologista e obstetra e chefe do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Santa Casa de Belo Horizonte, Maria Inês de Miranda Lima, o câncer de colo de útero é evitável e tratável. Pois, antes do diagnóstico de câncer, ele apresenta lesões precursoras. “O rastreamento é feito através da citologia, no nível primário. Caso ocorram alterações, o paciente é encaminhado para o nível secundário, no qual é feito a confirmação do diagnostico e tratamento das lesões precursoras. A confirmação do câncer só é feita no nível terciário”, afirmou.

Este câncer é causado pelo HPV, uma doença sexualmente transmissível, e, segundo as diretrizes do Ministério da Saúde, o rastreamento deve ser feito a partir dos 25 anos até os 65 anos. “As principais formas de prevenção são o uso de preservativos e a vacina contra o HPV. Muitas meninas que tomaram a primeira dose da vacina, não retornaram para a segunda dose. Isso é preocupante, porque elas não estão imunizadas. Recentemente, foi estabelecido que a vacinação deve ser estendida aos meninos”, destacou.

Custo-benefício no tratamento

Convidado para ser o último palestrante do evento, o coordenador do Programa de Residência de Cancerologia Clínica do Hospital das Clínicas da UFMG, Munir Murad Júnior, destacou a relação custo-benefício do tratamento de oncologia no SUS e a necessidade de falar sobre isso. “Existem tecnologias não disponíveis no SUS. Então, nós estamos sub-tratando os pacientes do Sistema, que é boicotado de forma consciente e inconsciente.”, declarou o oncologista.

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Munir Murad Júnior deu destaque a relação custo-benefício do tratamento de oncologia no SUS. Foto: Ives teixeira

O médico alerta que, ao se adotar novas drogas para o tratamento oncológico, é preciso analisar as incertezas sobre os resultados que ela pode causar, como a eficácia no tratamento em relação ao valor financeiro do produto. “Em 20 anos, o custo só em medicamentos de oncologia aumentou 600% e a sobrevida dos pacientes em apenas 50%”, afirmou o médico. O que mostra a desproporção criada na busca por novas soluções na área. “É claro que há má gestão, mas é um projeto audaz ter saúde pública de qualidade para todo mundo e é preciso saber que há pessoas torcendo para que isso não dê certo”, apontou Murad.

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