Smartphones podem ser aliados na promoção da saúde

Tecnologias sem fio podem elevar a qualidade dos tratamentos em saúde e levar assistência a locais distantes dos grandes centros.


06 de setembro de 2022 - , , ,


* Madu Mendonça

Saúde Móvel é a prática médica realizada por meio de tecnologias digitais sem fio. Foto: Faculdade de Medicina da UFMG.

No Brasil existem mais smartphones do que habitantes, demonstrou levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) este ano. Diante dessa nova realidade, os aparelhos celulares têm ganhado cada vez mais destaque na rotina dos brasileiros e podem apresentar alternativas para facilitar a assistência em saúde. Alguns aplicativos como o Conecte SUS já são familiares aos brasileiros, principalmente devido ao período de vacinação contra a covid-19, mas o uso dos smartphones na saúde pode ir muito além. 

De acordo com a professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia (GOB) da Faculdade de Medicina da UFMG e coordenadora do Centro de Informática Médica da Faculdade (CINS), Zilma Reis, os aparelhos móveis podem melhorar a qualidade e a cobertura dos cuidados, estimulando comportamentos saudáveis e prevenindo o aparecimento de doenças agudas. Além disso, a docente realça que a saúde digital pode facilitar tanto o trabalho dos profissionais quanto o acesso à saúde por parte dos pacientes. 

“O ato de prestar cuidados à saúde por meio de um smartphone pode levar a uma melhoria na qualidade dos tratamentos ao proporcionar o monitoramento do paciente e o gerenciamento de doenças”. 

Democratização do acesso à saúde

De acordo com a professora Zilma, a saúde digital assistida por tecnologias móveis, como celulares e tablets, têm a capacidade de revolucionar o modo como as populações interagem com os serviços nacionais de saúde. “Um exemplo disto é o aplicativo Conecte SUS, do Ministério da Saúde, que permite ao cidadão o acompanhamento de seu histórico de saúde. A partir da pandemia, o teste de covid-19 e as vacinas puderam ser consultadas pelo cidadão por meio do aplicativo”, conta. 

Atualmente existem diversos aplicativos capazes de aprimorar a assistência em saúde e a professora Zilma traz como exemplo o app “Meu Pré-Natal”, que apoia gestantes com orientações sobre gravidez, parto e pós-parto. O aplicativo foi desenvolvido por equipe multidisciplinar da Faculdade de Medicina da UFMG e já possui mais de 350 mil downloads. Além da versão em português, o aplicativo também possui opções em inglês e espanhol. 

Baixe o “Meu pré-natal” na loja de aplicativos Google Play. 

Além do uso dos aplicativos, os smartphones também favorecem a aplicação da telemedicina, que promete uma expansão territorial da assistência médica. “A telemedicina pode ser uma modalidade complementar que permitirá o monitoramento de doentes crônicos e que levará assistência a locais distantes dos centros de saúde”, informa a docente.  

Essa modalidade ainda é recente no Brasil e foi regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em maio deste ano. A professora frisa que essa categoria não substitui o atendimento presencial e deve ser apenas complementar. 

“Os smartphones podem propiciar uma melhoria nos atendimentos, mas os profissionais de saúde devem desempenhar um papel ativo na recomendação e supervisão do uso de aplicativos para saúde e bem-estar. Essa atenção deve fazer parte do plano de cuidados para quem busca assistência”.

Cuidados ao utilizar aplicativos 

Apesar dos inúmeros benefícios dos aplicativos móveis à saúde, é preciso que os pacientes tomem alguns cuidados ao utilizar essas ferramentas. A professora Zilma alerta: “Muitos aplicativos não possuem seu conteúdo validado e é preciso  certificar sua credibilidade e validação científica. A confiabilidade de um aplicativo para saúde pode ser creditada à instituição que o desenvolveu, por exemplo, aqueles que foram desenvolvidos pelo Ministério da Saúde e/ou institutos de ensino e pesquisa”, orienta. 

Durante a pandemia, a Faculdade de Medicina da UFMG desenvolveu o quiz “Covid-19: você sabia?” com informações relevantes sobre prevenção, vacinação e sintomas. O aplicativo visa disseminar conhecimentos cientificamente validados ao público jovem. Saiba mais

Além disso, é importante que os usuários fiquem atentos aos termos de uso dos aplicativos, a fim de certificar a confidencialidade das informações. A professora salienta que a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), promulgada em 2018, resguarda a segurança dos usuários e determina que os termos de uso sejam apresentados aos consumidores no primeiro acesso. 

Para a professora Zilma, o uso da tecnologia sem fio apresenta diversas vantagens à saúde pública. No entanto, ela adverte que ainda existem incertezas quanto à sua regulamentação e não há garantias da igualdade de acesso. “Pessoas portadoras de doenças crônicas e idosos podem se sentir desconfortáveis com o controle dos aplicativos em suas rotinas. Além disso, não há uma garantia da justiça e equidade para seu uso por todas as classes sociais”, conclui. 


* Madu Mendonça – estagiária de jornalismo
Edição: Vitor Maia