Surdez não é doença


17 de novembro de 2014


A surdez é uma condição referente à perda auditiva que tem variadas motivações. Fatores genéticos, doenças de origem infecciosa, perda induzida por exposição e em decorrência da idade são algumas das causas para esta redução auditiva que não pode, nem deve, ser tratada como doença.

De acordo com a professora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Luciana Macedo e Resende, a perda da audição é segmentada em diferentes graus, indo de leve à profunda.

Nos graus leve e moderado, existe uma distorção na audição que impede que as pessoas ouçam bem sons mais agudos. No grau de perda severa a pessoa não consegue escutar a voz dos outros, mas consegue ouvir barulhos e tem uma percepção mínima dos sons ao seu redor. Já no grau profundo, a perda é tão grande que impossibilita que a pessoa ouça a maioria dos sons, ouvindo apenas barulhos com intensidades elevadíssimas, a decolagem de um foguete, por exemplo.

Origem
Em relação às pessoas que nascem surdas, não existe uma causa definida, podendo ser de consequência genética, em decorrência de infecções de origem congênita, ou adquiridas, depois do parto. Por isso, Luciana destaca a importância da triagem auditiva neonatal, conhecida como “teste da orelhinha”, para avaliar a audição do bebê. Caso haja algum problema, o diagnóstico precoce é importante para antecipar o exercício de um tipo de linguagem compatível, como a língua dos sinais ou libras.

A fonoaudióloga salienta que a maior diferença entre o surdo de nascença e aquele que vai contraindo ao longo da vida é a aquisição da linguagem. Ela explica que a pessoa que nasce surda precisa de uma linguagem própria por ter uma redução muito grande do sentido auditivo, mas mesmo assim, deve ter acompanhamento do fonoaudiólogo para desenvolver outros tipos de linguagem e, através do uso de aparelhos ou de cirurgias, ter a possibilidade de escutar.

Já as pessoas que vão adquirindo a surdez ao longo da vida não têm nenhum problema com a linguagem falada e escrita, porque já chegaram a ouvir por um determinado período de tempo. Sua dificuldade é exatamente em entender o que as pessoas ao seu redor estão dizendo sem fazer leitura labial.

 

Tratamentos
Luciana Macedo lembra que o uso do aparelho de amplificação auditiva é essencial para todos os graus de perda, pois permite que a pessoa consiga ouvir em um nível próximo da normalidade. Em casos extremos, onde a perda auditiva é profunda e a contribuição do aparelho é mínima, é necessária a cirurgia de implante coclear, aparelho que substitui as células ciliares mortas, promovendo uma melhora significativa ao paciente.

Segundo a professora, apesar de não existir, ainda, uma cura definitiva para a surdez, existem métodos preventivos e tratamentos que melhoram a qualidade de vida das pessoas portadoras de tal condição. Ela dá o conselho: “É importante não esconder essa condição porque ela gera situações desagradáveis que prejudicam os relacionamentos no trabalho e no dia-a-dia”.