Título de emérito coroa a história do professor Dirceu Greco


25 de setembro de 2018


Indicação para o título foi aprovada por unanimidade pela Congregação da Faculdade de Medicina da UFMG.

A galeria de professores eméritos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ganhou um novo integrante. Nessa segunda-feira, 24 de setembro, o professor Titular do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina, Dirceu Bartolomeu Greco, recebeu a honraria que reconhece o destaque de sua trajetória, marcada pelo pioneirismo e sensibilidade na luta pelos direitos das pessoas que vivem com HIV. A cerimônia em homenagem ao professor foi realizada na Faculdade de Medicina.

Dirceu é professor da Faculdade de Medicina desde 1980. Foto: Carol Morena.

Eleito por votação unânime da Congregação da Faculdade de Medicina, o título coroa a história de Dirceu Greco, com 37 anos dedicados à UFMG. Para quem não conhece sua trajetória, o professor é defensor aguerrido do acesso universal à saúde e do direito ao Sistema Único de Saúde (SUS). Dirceu foi pioneiro em várias ações ligadas ao atendimento de pessoas com o vírus HIV, sendo reconhecido pelo enfrentamento do preconceito e e da discriminação aos portadores do vírus.

“A nossa cidadania depende diretamente da nossa capacidade de indignação”, destacou Dirceu Greco. Em discurso realizado durante a cerimônia, ele contou sobre sua trajetória, agradeceu as pessoas que contribuíram em seu percurso acadêmico e profissional e lembrou das dificuldades no enfrentamento da Aids. “Os primeiros casos de HIV no Brasil surgiram em 1985 e os hospitais não atendiam as pessoas com o vírus. Foi uma luta para que fosse aberto um ambulatório na cidade para o atendimento com respeito aos diretos humanos”, comentou.

Inspiração

A inspiração para a atenção e cuidado com o coletivo veio de perto: Helena Greco, mãe do homenageado, se tornou símbolo da luta pelos Direitos Humanos e contra a ditadura. Para a reitora da UFMG, Sandra Goulart, o professor segue os passos da mãe ao se engajar na defesa das pessoas discriminadas.

“Reconheço a singularidade e relevância da trajetória do professor. O título é resultado de sua atuação pelo compromisso ético, sua ação precursora no campo da bioética, sua dedicação científica e a defesa pela dignidade e liberdade na produção do conhecimento, valores que nos são tão caros e que vemos, por vezes, ameaçados”, afirmou a reitora.

Dirceu Greco com o diploma de emérito recebido da reitora Sandra Almeida e do diretor Humberto José Alves. Foto: Carol Morena.

Na saudação ao novo emérito, o diretor da Faculdade de Medicina, professor Humberto José Alves, ressaltou a sensibilidade do professor emérito em enxergar os invisíveis, postura que não deixou dúvidas quanto à indicação do nome de Dirceu ao título, com aprovação unânime dos membros da Congregação.

“A história do professor é importante não só para a Faculdade, mas enquanto pesquisador, para formação de grandes professores e para tantas outras pessoas que trabalham diretamente com ele ou com pessoas que trabalharam com ele ou, ainda, que beberam de sua influência e capacidade de sensibilização pela comunidade”, disse.

 Aprendizado

A coordenador do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina, Valéria Maria Augusto, foi uma das alunas de Dirceu Greco que acompanhou de perto a luta do professor contra injustiças. “Ele foi meu orientador de doutorado. Presenciei o professor defendendo diversos aspectos éticos e tomei a decisão de só fazer um doutorado se fosse orientada por ele”, contou Valéria durante a solenidade.

Mesa de honra da cerimônia. Foto: Carol Morena.

O também professor do Departamento de Clínica Médica, Ciro Filogônio, amigo próximo de Dirceu, que acompanhou de perto a sua carreira, apresentou um pouco da elogiada trajetória do professor e lembrou da batalha humanitária por ele travada. “ Na luta contra incompreensões, muitos não queria ser atendidos por um médico que mexesse com a Aids. Com isso e por tudo isso, ele teve que se aprofundar nos conhecimentos de ética médica e biomédica”, explicou.

Atualmente, Dirceu Greco é membro da Comissão Nacional de Aids, da Comissão de Consenso de Tratamento do HIV para adultos, da Comissão de Vacinas anti-HIV do Ministério da Saúde e o único brasileiro do Comitê Internacional de Bioética (IBC), além de ser presidente da Associação Brasileira de Bioética.

Mesa de honra 

Participaram da mesa de honra da cerimônia a reitora da UFMG, Sandra Goulart,  o vice-reitor, Alessandro Fernandes Moreira, o diretor da Faculdade de Medicina, professor Humberto José Alves, a vice-diretora da Instituição,   professora Alamanda Kfoury, a coordenadora do Departamento de Clínica Médica, professora Valéria Maria Augusto e o ex-reitor da UFMG e professor emérito da UFMG, professor Tomaz Aroldo da Mota Santos.

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Fotos: Carol Morena