Trabalhos de Iniciação Científica são selecionados por relevância acadêmica


19 de outubro de 2016


Os autores selecionados irão apresentar no campus Pampulha e poderão ser premiados entre os melhores trabalhos da Universidade

Durante a XXV Semana de Iniciação Científica da UFMG, ocorrido nos dias 13 e 14 como parte da Semana do Conhecimento, foram apresentados 176 trabalhos de iniciação científica, realizados por alunos dos cursos de Medicina, Fonoaudiologia e Tecnologia em Radiologia. Desses, 17 foram selecionados por relevância acadêmica e serão reapresentados na próxima quinta-feira, 20 de outubro, às 14h, no CAD 1 do campus Pampulha. Na oportunidade, também haverá trabalhos destacados em outras unidades da Universidade e terão uma avaliação do Comitê Externo do CNPQ, com premiação para os melhores.

32_largeDe acordo com o professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia e coordenador do Centro de Pesquisa da Faculdade, Fernando Reis, a seleção foi feita através da pontuação sobre o conteúdo da pesquisa, a qualidade dos métodos utilizados e a apresentação feita pelo aluno, como sua didática, clareza, entre outros.

“É importante que, durante esse processo de formação, os alunos tenham oportunidades de mostrar seus trabalhos, ver o trabalho de outros e trocar experiência para aprender com essa troca. Então, esse evento é a primeira oportunidade deles exporem seus trabalhos e ter o retorno das outras pessoas”, pontua Reis.  “Todo grande cientista começa de algum lugar. Nos últimos tempos, esse começo tem sido a iniciação científica. Durante a graduação se descobre as vocações e talentos. Então, esses alunos que estão participando dessa atividade serão os futuros cientistas do Brasil e do mundo”, completa.

A lista completa dos trabalhos está disponível aqui. Conheça um pouco mais sobre alguns deles:

Aumento de latência de n200 e p300 em pacientes com declínio cognitivo carreadores da apoe ε-4 – Anna Luiza da Silva Souza

“Esse trabalho é uma pequena parte de um projeto de pesquisa bastante amplo, desenvolvido na Atenção ao Idoso, no Instituto Jenny de Andrade Faria. Nesse projeto, nós estudamos os fatores que podem levar os pacientes com certo declínio cognitivo a desenvolver Demência de Alzheimer. O trabalho que apresentei procura relacionar alguns fatores que, possivelmente ou sabidamente, estão relacionados a esse declínio. É conhecida a participação do alelo E-4 do gene chamado ApoE no desenvolvimento da Demência. Já os potenciais elétricos relacionados a eventos, dentre os quais se destacam o P300 e o N200, são respostas cerebrais formadas a partir de um estímulo auditivo ou visual recebido. Existem estudos mostrando que tais potenciais estão bastante relacionados à memória, atenção e percepção, logo poderiam ser usados para monitorar o declínio cognitivo. Os nossos resultados não mostraram uma relação entre o declínio cognitivo e os potenciais P300 e N200. Contudo, evidenciaram uma relação entre o aumento do tempo em que essas respostas cerebrais se formam (a chamada latência do potencial) e a presença do alelo ApoE-4 nos pacientes que tem o declínio. O aumento da latência nos sugere que possa haver algum problema com o processamento da memória e atenção, por exemplo. Nesse sentido, acredito que no futuro, após a realização de mais estudos e aquisição de melhor conhecimento sobre o assunto, esses potenciais possam ser utilizados para um diagnóstico mais precoce de declínio cognitivo e, quem sabe, para predizer o risco de desenvolver demência”.

Associação da variabilidade genética do gene pnpla3 com os aspectos histológicos da doença hepática gordurosa não-alcoólica no Brasil – Camila Azevedo Versiani

“O trabalho tem o objetivo de investigar a associação das frequências alélicas do gene PNPLA3 em rs738409 com os parâmetros histológicos da doença hepática gordurosa não-alcoólica (DHGNA), em uma coorte de pacientes adultos brasileiros. Sua importância é constatada a partir do momento em que a DHGNA pode ser considerada um dos desfechos da síndrome metabólica e obesidade – doenças cujas prevalências crescem exponencialmente em âmbito mundial. Ao longo do estudo, os pacientes controles e casos foram genotipados no loccus rs738409 do gene PNPLA3 e dividido em três grupos: genótipo CC, genótipo GC e genótipo GG. Estes foram comparados em relação ao grau de desenvolvimento das características de DHGNA: presença de balonização, inflamação, esteatose e fibrose na lâmina histológica obtida por biópsia hepática. Como resultado, constatamos que a presença tanto do alelo G, quanto os indivíduos homozigotos GG apresentam maior risco de desenvolver um quadro mais agressivo da doença, uma vez que esses pacientes possuem maior prevalência de esteato-hepatite não-alcoólica e maior grau de lesão hepática. Além disso, embora fosse uma hipótese inicial do estudo, não constatamos relação direta entre a presença do alelo G nem PNPLA3 com o grau de gordura presente na célula do fígado daqueles pacientes com DHGNA – fato que pode sugerir que o gene esteja relacionado com mecanismos de agressão celular, independentemente do grau de infiltração gordurosa nas células”.

A visita domiciliar tem impacto na melhoria da técnica inalatória de paciente com asma grave? – Daniela Soares Rosa Ferreira

“Meu trabalho é sobre o uso da visita domiciliar de enfermagem para o ensino e melhoria da técnica inalatória de crianças e adolescentes com asma grave. Foram avaliadas pacientes de cinco a 18 anos atendidos no CEMAD, ambulatório vinculado ao Hospital das Clínicas da UFMG, fazendo a comparação com dois grupos de pacientes: um que recebeu a visita domiciliar e outro que recebeu os mesmos cuidados e orientações apenas nas consultas ambulatoriais. Os resultados apontam que a utilização dessa abordagem melhorou, significativamente, os escores da técnica inalatória dos pacientes que foram visitados pela enfermeira, o que não ocorreu com as crianças do grupo controle. A visita domiciliar poderia ser utilizada em serviços de atenção terciária para obtenção de melhores resultados de saúde”.

Padronização e validação de um modelo experimental para o estudo do efeito do estresse sonoro no neurodesenvolvimento – Kevin Augusto Farias de Alvarenga

“A poluição sonora faz parte do cotidiano das sociedades urbanas. Vivemos em um mundo barulhento, porém este é um problema “silencioso”, pois pouco estudo é dedicado ao potencial efeito do estresse sonoro sobre a nossa saúde, em particular, a saúde mental. Nós propomos uma maneira de estudar os efeitos do estresse sonoro sobre o desenvolvimento cerebral e seus potenciais riscos à saúde mental, utilizando como modelo um peixe chamado zebrafish, que tem se tornado uma ferramenta muito útil na neurociência. Após estimulação sonora estressante nas primeiras fases do desenvolvimento desses animais, percebemos que eles passam a se comportar de maneira diferente dos não estimulados. O comportamento desencadeado pelo estresse sonoro pode ser considerado semelhante à ansiedade e se manteve por longo período da vida dos peixes. Nós concluímos, então, que este modelo nos proporciona uma ótima maneira de estudarmos os efeitos do estresse sonoro sobre o neurodesenvolvimento”.