Trombose é a primeira causa de mortalidade no mundo desenvolvido


03 de novembro de 2014


Doença pode estar ligada a fatores de risco adquiridos ou genéticos

IA trombose arterial, que é caracterizada, principalmente, pelo infarto agudo do miocárdio e pelo acidente vascular cerebral, é a primeira causa de mortalidade nos países com altos níveis de desenvolvimento econômico e social, de acordo com a professora do Departamento de Clínica Médica, Suely Meireles Rezende. Em segundo e terceiro lugar estão o câncer e a trombose venosa, respectivamente.

Ainda segundo Suely, o Brasil deve seguir o mesmo caminho que os países avançados. “Nós temos as causas de mortalidade muito próximas as deles. As pessoas precisam estar conscientizadas, orientadas, entender os sintomas, para que, com ajudamédica, possam fazer um diagnóstico preciso e o tratamento adequado”.

Trombose arterial
A coagulação do sangue, normalmente, pode ser considerada uma grande vantagem para o corpo humano. No caso de uma lesão, ela garante que as feridas se cicatrizem. Mas, quando a coagulação sanguínea acontece sem que seja necessária, podendo obstruir veias e artérias, é quando ocorre a trombose, venosa ou arterial, respectivamente.

Apesar de serem bastante conhecidos, poucos sabem que o infarto ou o acidente vascular cerebral (AVC) são apresentações clínicas da trombose arterial. Esta acontece quando um coágulo de sangue se desenvolve em uma artéria. Se o coágulo ocorre nas artérias coronárias, pode causar um infarto agudo do miocárdio. Já na circulação cerebral, pode resultar em um AVC. “É um quadro que, dependendo de onde a artéria é obstruída, o paciente terá sintomas mais direcionados para uma área do corpo, ou outra”, ponderou a professora.

A idade, obesidade, diabetes, hipertensão, dislipidemia, uso de anticoncepcional e o tabagismo são fatores de risco ligados a trombose arterial.

Trombose venosa
Bem menos conhecida, mas não menos importante, existe a trombose venosa, que ocorre quando um coágulo obstrui uma veia. Algumas doenças podem ser classificadas nesta categoria, como a trombose venosa profunda e a embolia pulmonar. “A trombose venosa acomete, geralmente, os membros inferiores. As tromboses abaixo do joelho costumam ser menos graves e, acima do joelho, tendem a ter uma gravidade maior, já que podem progredir, frequentemente, para uma embolia pulmonar”, explica a especialista.

A embolia pulmonar acomete os vasos do pulmão. O quadro, normalmente súbito, pode ter diferentes graus de gravidade, dependendo do tamanho do vaso obstruído e da extensão da trombose no pulmão. “Acredita-se que o tromboembolismo pulmonar advém de uma trombose dos membros inferiores, cujo coágulo se desprende e se aloja nos pulmões, embora nem sempre identificamos essa trombose quando se atende o paciente”, informou a hematologista.

Os fatores de risco para a trombose venosa podem ser adquiridos ou genéticos. Uma imobilização devido a uma cirurgia, internação prolongada, fratura, uso de anticoncepcionais, ou uma viagem de longa duração são circunstâncias que favorecem o risco da trombose venosa, caracterizando os fatores adquiridos. Os fatores genéticos são associados à deficiência de proteínas anticoagulantes naturais e mutações genéticas que favorecem a coagulação. “Existem situações nas quais a busca de fatores genéticos é necessária”, avalia Suely.

Segundo a professora, a trombose venosa pode recorrer em 30% dos pacientes dentro de cinco anos desde o primeiro diagnóstico. “A prevenção da trombose é importante e envolve mudanças no estilo de vida e uso de anticoagulantes em situações de risco”.