UFMG adere à Marcha pela Ciência
21 de abril de 2017
Neste sábado, dia 22 de abril, Belo Horizonte vai integrar o movimento internacional Marcha pela Ciência, que já conta com a adesão de mais de 400 cidades em diferentes países. Na capital mineira, a manifestação vai ocorrer a partir das 10h, na Praça da Liberdade.
A iniciativa, que nasceu nos Estados Unidos, tem o objetivo de chamar a atenção da sociedade para a necessidade de apoiar e preservar as instituições e a comunidade científica de todo o planeta, em um momento de grandes cortes no orçamento de Ciência e Tecnologia.
A data coincide com o Dia Internacional da Terra e “representa a união de cientistas e da sociedade pela valorização da pesquisa, pela manutenção de políticas públicas que incentivem a ciência e pelo desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis”, explica o professor da UFMG Eduardo Mortimer, conselheiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que organiza o movimento na capital mineira, com o apoio de professores da Universidade e de entidades como a Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG). “É importante integrar esse movimento mundial, que envolve instituições de ponta em ciência e educação”, comenta o professor.
Em mensagem à comunidade científica e “aos amigos da Ciência”, a presidente da SBPC, Helena Nader, afirma que a atividade científica sofre várias ameaças, como mudanças em políticas públicas, redução e desvio de verbas e de financiamentos públicos, partidarização política da ciência “e, o que mais assusta, a tomada de decisões políticas que não levam em consideração as evidências científicas”.
Ao lembrar que “o fortalecimento da ciência passa também pelo fortalecimento da democracia em todos os países”, Helena Nader comenta que “a ciência está em todo lugar e afeta a vida de todos. Portanto, sua aplicação para a sociedade não pode estar à margem das grandes tomadas de decisão no campo político”.
Impactos
Eduardo Mortimer explica que a convocação para participar da Marcha não é dirigida apenas a estudantes, professores, cientistas e pesquisadores, mas a toda a sociedade, que é diretamente afetada com os cortes.
“Mesmo que não sejam visíveis de imediato, as restrições orçamentárias terão impacto em pouco tempo na educação e na produção da ciência”, enfatiza. Mortimer cita dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) que revelam a estreita ligação entre financiamento e crescimento de grupos de pesquisa, programas de pós-graduação e número de titulações.
Segundo Mortimer, em 2006, com orçamento de R$ 6,4 bilhões, o Brasil publicou 33.498 artigos em periódicos científicos indexados, número que passou para 61.122, em 2015, levando o país a subir duas posições e ocupar o 13º lugar em ranking mundial. “Agora, teremos orçamento de pouco mais de R$ 3 bilhões, o que corresponde, quando corrigido, a um quarto do orçamento de 2005. Isso é um desastre e sinaliza o fim da ciência no país”, prevê o professor da Faculdade de Educação.
Ele explica que a evolução observada na ciência nesse período foi sustentada por um orçamento crescente. “Para alcançar o dobro do desempenho é necessário aumentar os financiamentos na mesma proporção”, ressalta.
Até o momento, 16 cidades brasileiras já anunciaram a adesão à Marcha – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Natal, Petrolina, São Carlos, Petrópolis, Belém, Boa Vista, Brasília, Diamantina, Goiânia, Ilhéus, Manaus, Pato Branco e Porto Alegre.
As manifestações, apartidárias, ocorrerão em diferentes horários. As cidades brasileiras que participarão, os locais de concentração e os horários podem ser encontrados em mapa na internet.
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Redação: Cedecom/UFMG