Variante Ômicron deve substituir Delta, mas impactos podem ser menores

Vacinas desenvolvidas contra o vírus ainda são a melhor opção para prevenção.


27 de dezembro de 2021 - , , , , ,


*Maria Beatriz Aquino

Classificada como preocupante pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e com 45 casos registrados no Brasil até 24 de dezembro, a variante Ômicron se mostrou mais competitiva do que a Delta. Isso porque o seu potencial de disseminação é maior. Por isso, em entrevista ao programa de rádio “Saúde com Ciência“, o professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e virologista do CT-Vacinas da universidade, Flávio da Fonseca, explica que a probabilidade de ter uma substituição da variante predominante no país é grande, assim como aconteceu na África do Sul, país de origem da Ômicron. 

Segundo Fonseca, as mutações encontradas na nova variante relacionadas ao aumento de infecciosidade favorecem sua disseminação, além das mutações que já são conhecidas em outras variantes e que também estão presentes da Ômicron.

“Nas pessoas infectadas, a nova variante permanece por mais tempo e leva a um acúmulo de vírus, ou seja, infecta com mais eficácia aquela pessoa”, completa o especialista.

Porém, ele argumenta que é possível, com a vacinação mundial em andamento, que a gravidade das infecções reduza, assim como a própria evolução do vírus.

“Novas variantes devem surgir porque faz parte do processo de evolução dos vírus, é natural. Mas existem grupos de pesquisa que acreditam que o vírus já alcançou um ponto onde a evolução para variantes mais virulentas não deve acontecer. Então, devemos ter variantes menos virulentas, que tendem a infectar o ser humano por mais tempo sem causar doença muito grave”, explica.

Ômicron e vacinas

Com o surgimento de uma nova variante, há um temor de que as vacinas existentes não sejam capazes de combatê-la. O virologista ouvido pelo “Saúde com Ciência” afirma que, entre as vacinas desenvolvidas, nenhuma tem maior eficácia contra a Ômicron. Na verdade, todas apresentam queda da eficácia diante dessa nova mutação. Mas isso não significa que os imunizantes perdem por completo o efeito protetor.



“Assim como as outras vacinas, essas disponíveis para covid-19 também não tem 100% de eficácia, ou seja, não conseguem impedir que uma pessoa seja infectada. O que acontece é que, se a princípio elas protegiam 95%, ela passa a proteger 90%”, explica.

Questionado sobre a necessidade de futuras doses de reforço, o professor prevê que deverão ser aplicadas anualmente, em períodos específicos, quando surgirem picos de casos de covid. “Provavelmente, a indústria farmacêutica vai se adaptar à medida que novas variantes forem surgindo, até chegar o momento em que vai ser muito semelhante ao vírus da gripe”, presume.

Transmissão e cuidados nas festas de fim de ano

Para quem acredita que a pandemia está no fim, Fonseca aconselha que os cuidados ainda devem continuar. Assim como outras variantes já existentes, a principal forma de transmissão da Ômicron é pelo ar. Por isso, o uso de máscara e o distanciamento social são fundamentais para evitar uma nova onda de mortes.

Para as festas de final de ano, o virologista acredita que é preciso intensificar essas formas de prevenção. Caso as medidas sejam relaxadas durante as comemorações dessa época, Flávio acredita que uma nova onda pode se instalar no país e provocar os mesmos danos causados entre 2020 e 2021. Ele recorda que, após as festas e encontros de fim de ano, os resultados foram arrasadores. 

“A gente tem que ter muito em mente o que aconteceu no ano passado: houve um movimento de flexibilização e picos de aglomeração muito grandes e logo após essas festas fomos acometidos pela maior onda brasileira. E então, entre os meses de janeiro a agosto de 2021, 400 mil brasileiros morreram em decorrência da pandemia”, adverte.

Para além dessas medidas, quem ainda não recebeu todas as doses da vacina contra a covid deve procurar um posto de saúde mais próximo e completar o ciclo de vacinação.

Confira ainda, no programa Saúde com Ciência dessa semana, a importância de seguir os protocolos de segurança com as crianças e como deve ser esse processo.

Saúde com Ciência

progama é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a quinta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.