Vivendo com o HIV


30 de novembro de 2011


Portadores do vírus têm vida próxima ao normal, mas devem seguir o tratamento ininterruptamente e ter ainda mais cuidados com a alimentação.

Se uma criança com menos de 10, 12 anos de idade quiser saber como eram e viviam as pessoas com HIV nas décadas de 80 e 90 vai precisar consultar filmes, fotos ou perguntar aos mais velhos. Atualmente, no Brasil, portadores do vírus já não carregam no corpo as marcas da doença – magreza excessiva, lesões na pele e candidíase na boca. Pelo contrário, podem levar uma vida bastante próxima do normal, com tratamento pouco invasivo, seguindo algumas restrições e recomendações médicas.

O coquetel anti-HIV que, até algumas décadas atrás, era formado por dezenas de comprimidos diários foi substituído por três pílulas/ dia, em média.  “Esse esquema inicial pode durar por muitos anos, desde que o paciente faça uso correto da medicação”, aponta Gustavo Machado Rocha, médico infectologista e doutorando do programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG.

No corpo humano, o vírus causador da Aids se multiplica e ataca o sistema imunológico, deixando a pessoa mais vulnerável a infecções. Mas com o diagnóstico precoce, orientação médica e exames periódicos, é possível retardar essa ação. “A imunidade do paciente é monitorada com exames laboratoriais. Assim, de uma maneira geral, iniciamos o tratamento antirretroviral quando o paciente atinge certo grau de imunossupressão, mas antes dele adoecer”, explica o médico.

A cada três meses, em média, o portador do vírus HIV deve fazer visitas a um infectologista. Para complementar o tratamento clínico, faz-se necessário também uma alimentação mais controlada, com menos gordura e açúcar.  “A pessoa que vive com HIV e faz uso dos medicamentos tem um risco aumentado em relação à população geral de desenvolver alterações metabólicas, como aumento de glicose, colesterol”. Também é recomendável evitar o consumo excessivo de álcool, que pode interferir no efeito dos medicamentos antirretrovirais.

Mesmo em tratamento, qualquer pessoa com HIV pode vir a ter a Aids e, consequentemente, seus sintomas. Ao maior risco de doenças cardiovasculares, somam-se outros problemas de saúde. “Percebe-se hoje aumento da incidência de alguns tipos de câncer mesmo nos pacientes em tratamento adequado”, afirma Gustavo Rocha. Alguns desenvolvem ainda a lipodistrofia,  uma alteração da distribuição de gordura corporal. “Isso acontecia com mais frequência quando eram utilizados medicamentos antigos que praticamente não são mais prescritos hoje em dia”, explica.

Diagnóstico precoce

Um diagnóstico precoce e um tratamento adequado são as chaves de sucesso para o controle do vírus HIV, afirma o infectologista Gustavo Machado Rocha. “O problema é que muitas pessoas no Brasil ainda demoram para realizar o exame, e só descobrem quando estão doentes e com a imunidade muito comprometida”, lamenta.

Por toda a vida, esse portador do vírus, mesmo sentindo-se bem e não tendo sintomas da doença,  deve seguir o tratamento à risca. “Os benefícios do tratamento superam enormemente os riscos de reações adversas em longo prazo”, finaliza.