Vida saudável é possível com lúpus


09 de maio de 2013


No Dia Mundial do Lúpus, reumatologista comemora avanços e reforça: o tratamento continuado permite vida social e afetiva normal ao paciente

No Brasil, estima-se que 65 mil pessoas sejam acometidas pelo lúpus, sendo a maioria do sexo feminino. Mais comum em mulheres de 20 a 45 anos, a doença, reumática, autoimune e inflamatória pode acometer uma em cada 1,7 mil mulheres no país.

Borboleta é símbolo do lúpus, em alusão a uma mancha característica na pele das pessoas acometidas pela doença. Foto: Morguefile.com

Os dados são da Sociedade Brasileira de Reumatologia, que lembra que o dia 10 de maio é marcado como o Dia Mundial do Lúpus. De acordo com a professora do Departamento do Aparelho Locomotor da Faculdade de Medicina da UFMG, Cristina Costa Duarte Lanna, os sintomas do lúpus variam de indivíduo para indivíduo,e podem incluir mal-estar, fadiga, febre, perda de peso, dores musculares, nas articulações, inflamações na pele e nos rins. Nervos, cérebro, pulmão e coração também podem ser afetados pela doença.

Por serem comuns as dores e inflamações nas articulações, o médico que trata a doença é, de maneira geral, o reumatologista. Quando as manifestações são apenas na pele, é comum que o paciente seja acompanhado pelo dermatologista. Assim como, se houver problemas nos rins, o nefrologista é o profissional indicado para o acompanhamento.

A professora Cristina conta que há um esforço dos profissionais da área de saúde para conscientizar os pacientes da importância da prevenção de doenças crônicas. “Os pacientes com lúpus podem desenvolver arterosclerose, doença inflamatória que pode levar à obstrução das artérias e provocar doenças cardiovasculares”, explica Cristina Lanna.

Apesar de não ter cura, o lúpus tem tratamento continuado, que possibilita ao paciente levar uma vida normal. “Nos últimos anos houve muita evolução. Existem medicamentos mais eficientes no controle do desequilíbrio do sistema imunológico e muitas pesquisas em busca de remédios mais específicos”. A especialista lembra ainda que a maioria dos medicamentos é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “A qualidade de vida da pessoa com lúpus é, hoje, muito melhor do que há 15 anos”, afirma Cristina.

A professora chama atenção apenas sobre a exposição ao sol.” O tempo de exposição deve ser bem reduzido, e o protetor solar é indispensável para evitar as lesões da pele”, orienta. Cristina lembra ainda que a doença não é contagiosa, ao contrário do que algumas pessoas pensam. “Com os cuidados adequados e adesão ao tratamento continuado, o paciente com lúpus pode ter uma vida social, afetiva e profissional completamente regular”, afirma.

Gravidez
Além do combate às doenças crônicas e evoluções no tratamento, a professora conta que os cuidados na gravidez também foram outro tema destacado durante a 10ª edição do Congresso Internacional de Lúpus, realizado em Buenos Aires, Argentina, em abril.

“A gravidez da mulher com lúpus é de alto risco. É preciso um acompanhamento pré-natal rigoroso com equipe especializada, já que há riscos de prematuridade, eclampsia e até aborto”, alerta a reumatologista.

Lúpus e a UFMG
Em 2012, estudantes do curso de Medicina da UFMG, sob supervisão de professores do Departamento do Aparelho Locomotor, e em parceria com a Assessoria de Comunicação Social elaboraram quatro folhetos informativos para ajudar na prevenção das doenças cardiovasculares associadas ao lúpus. O material, disponível para pacientes do Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas da UFMG (HC), aborda  hipertensão arterial, obesidade, tabagismo, nutrição, diabetes e exercícios físicos, e pode ser acessado pela internet .

Também parceria do Serviço de Reumatologia do HC com a Faculdade de Medicina da UFMG, estudantes supervisionados por professores estão trabalhando em um novo projeto para levar informação aos pacientes. “Os alunos já coletaram as principais dúvidas dos usuários do serviço do hospital, que serão base para a produção de vídeos esclarecendo esses questionamentos, que serão veiculados na sala de espera do Serviço”, adianta a professora.