6 práticas que auxiliam na promoção da saúde mental de médicos e estudantes
18 de outubro de 2018
Conheça alguns hábitos que podem ajudar a manter a saúde mental desses profissionais
*Guilherme Gurgel
Os médicos são conhecidos em nossa cultura como aqueles que trabalham para auxiliar e cuidar da saúde das pessoas, inclusive da saúde mental. O cuidado com o outro, no entanto, pode colocar em segundo plano a atenção que esses profissionais precisam ter com a própria saúde.
Além disso, existe a ideia de que o médico é autossuficiente e capaz de cuidar da própria saúde. Mas não é bem assim. A categoria também pode sofrer com quadros como transtornos de ansiedade e depressão, assim como a população em geral. E são vários fatores na rotina desse profissional que podem levar ao adoecimento psíquico. Para listar alguns, destacamos o isolamento social e a privação do sono decorrentes da carga horária excessiva de trabalho, além do estresse ocasionado pela responsabilidade que o profissional precisa ter nas interações sociais com pacientes, equipe de saúde e residentes.
Mas, algumas práticas podem ajudar na prevenção de sofrimentos psíquicos. Elas também valem para os futuros médicos, que já lidam com algumas dessas questões no dia a dia. Conversamos com a professora do Departamento de Saúde Mental, Maila de Castro Lourenço Neves, que listou algumas dicas para reduzir esses riscos. Confira a seguir:
1 Praticar atividades físicas:
Entre plantões, troca de turnos e a atuação em diferentes lugares, sobra pouco tempo para se dedicar a um estilo de vida saudável. A prática de exercícios físicos, porém, é essencial para a saúde mental. “As doenças psiquiátricas também estão ligadas a processos inflamatórios crônicos no nosso organismo, por isso é importante a prática de atividades físicas”, explica a professora do Departamento de Saúde Mental, Maila de Castro Lourenço Neves.
2 Se envolver em cultura e arte:
O envolvimento em atividades artísticas estimula a criatividade e formas de se expressar. “Assim, os praticantes de qualquer atividade artística podem ter melhores formas de se relacionar com o mundo e consigo mesmo, inclusive com a própria saúde mental”, explica a professora.
A Faculdade de Medicina da UFMG tem um grupo de teatro, chamado Show Medicina, que promove peças anuais e conta com a participação de alunos, professores e servidores. Uma opção para quem deseja se envolver em atividades culturais.
3 Conversar sobre saúde mental:
Ter uma rede social de pessoas com as quais se pode conversar é importante para a prevenção do sofrimento psíquico. “É importante que o estudante ou profissional se sinta incluído e possa ser ouvido. Para isso, podem procurar a Ouvidoria, o Diretório Acadêmico de Estudantes e até mesmo o Colegiado”, informa a professora Maila Neves.
Com a conversa, é possível refletir sobre o dia a dia e pensar em atitudes e comportamentos psicologicamente mais saudáveis. O Núcleo de Apoio Psicopedagógico aos Estudantes da Faculdade de Medicina (Napem) faz atendimento aos estudantes para apoio psicológico. No Hospital das Clínicas, esse papel é exercido pelo Núcleo de Apoio Psiquiátrico e Psicopedagógico aos Residentes do Hospital das Clínicas da UFMG (Nappre).
4 Não se automedicar:
O sofrimento psíquico, por ainda ser cercado de estigmas, muitas vezes é ignorado ou minimizado. No caso dos médicos não é diferente. Porém, um fator agravante é a automedicação. “É importante ressaltar que para a maioria dos casos, o tratamento mais eficaz não é só farmacológico, mas também psicoterápico. Além do tratamento, é importante que exista o acolhimento, alguém para ouvir e uma relação médico-paciente”, esclarece Maila.
5 Praticar meditação:
A prática da meditação auxilia na conscientização sobre o próprio corpo e mente e contribui na busca pelo autoconhecimento. Saber quais são as nossas reações diante de situações do dia a dia ajuda a lidar com angústias, limitações e frustrações, passo importante para a prevenção de sofrimentos mentais.
No dia 24 de novembro, a Faculdade de Medicina de UFMG receberá o Workshop gratuito sobre Mindfulness. A técnica tem foco no equilíbrio, respiração e conscientização, que ajuda o corpo e a mente a se recuperarem mais rapidamente diante um fator de estresse.
6 Procurar ajuda profissional:
“Se sentir que precisa de ajuda, que não gosta mais das mesmas coisas que antes, que está triste a maior parte do tempo, dificuldades no sono, mudança de apetite, cansaço constante ou qualquer outro sintoma, é preciso procurar ajuda de outro profissional da saúde e, principalmente, não se automedicar”, conclui a professora.
*Guilherme Gurgel – estagiário de Jornalismo
Edição: Karla Scarmigliat