Hipertensão arterial: o perigo silencioso


17 de abril de 2013


No mundo, estima-se que 600 milhões de pessoas sejam acometidas pela hipertensão arterial, conhecida popularmente como “pressão alta”.  No Brasil, os números assustam: 32% dos adultos são hipertensos. O número sobe para 75% na população acima de 70 anos.

Para a professora Rosália Morais Torres, cardiologista convidada do projeto Quarta da Saúde desta quarta-feira, o que é mais grave é que a doença, uma das que apresentam maior prevalência mundial, é silenciosa. “As pessoas não percebem que têm hipertensão, e a primeira manifestação pode ser algo grave, como um derrame, infarto e outros que podem afetar a qualidade e reduzir a expectativa de vida do indivíduo”, alerta a especialista.

Além do coração, no caso do infarto e outras doenças cardíacas, e do cérebro, no caso do derrame, a hipertensão arterial também pode afetar os olhos, diminuindo a visão, e desenvolver doenças nos rins e nas artérias. “É importante frisar que o risco aumenta à medida que a pressão arterial aumenta”, lembra a professora.

Controle contínuo
Apesar da alta prevalência da doença, Rosália diz que a parcela dos pacientes que sabem que têm a doença mas não realizam o controle é muito alta: cerca de 34% dos diagnosticados. “Não basta saber e tratar. É preciso uma conduta continuada”, afirma. Para que o controle seja realizado com eficiência, a professora chama a atenção para a adesão do paciente. “Deve haver aceitação de tratamentos, exames e procedimentos, além de um compromisso em seguir adequadamente as orientações do médico”.

As principais causas de abandono de tratamento, segundo a cardiologista, são as dúvidas dos pacientes, a descrença na doença e tratamento contínuo, indiferença sobre a saúde e acesso à medicação. Por outro lado, os erros de medicação, resistência ao tratamento e contato inadequado com o médico são as principais razões de comprometimento do tratamento.

Para evitar os insucessos, Rosália lembra que é fundamental que haja uma parceria entre paciente e médico. “Compete ao médico explicar os procedimentos, tirar as dúvidas, lembrar e acompanhar a continuidade do tratamento. E, ao paciente, fazer a sua parte”.

Riscos e prevenção
A hipertensão arterial sistêmica como uma condição clínica multifatorial. “Ela pode ser causada ou estar ligada a fatores biológicos, sociais e hábitos de vida”, explica.  As pessoas mais propensas a desenvolverem a hipertensão são as que consumem sal, bebida alcoólica e alimentos gordurosos em excesso, e que tem excesso de peso. No Brasil, negros  e homens têm maior índice de prevalência. O fator genético também deve ser observado.  “Quem tem casos na família deve ficar mais atento”, recomenda.

Para prevenir e ajudar no controle, é fundamental, principalmente, adequar os hábitos de vida: controlar o peso, adequar a dieta, que deve ser rica em frutas, vegetais e alimentos com poucas calorias e gorduras, reduzir o consumo de sal, moderar o consumo de álcool e praticar exercícios físicos. “Em muitos casos, com dois desses elementos de mudanças de hábitos combinados, é possível conseguir o controle sem medicamentos”, destaca a cardiologista.

Depressão é próximo tema
A próxima edição do projeto, que aborda temas da saúde de forma ampla e com linguagem acessível ao público em geral, terá como tema a depressão, e será no dia 15 de maio, às 12h30, na sala 150 da Faculdade de Medicina da UFMG. A iniciativa é do Centro de Extensão (Cenex-MED) e da Assessoria de Comunicação Social (ACS) da Faculdade de Medicina da UFMG.

A apresentação da professora Rosália será disponibilizada na página do Quarta da Saúde.