A morte ensina a viver


04 de setembro de 2014


Quem compareceu à conferência “Conflitos bioéticos sobre a morte e o morrer (eutanásia, distanásia e ortotanásia)”, na manhã desta quinta-feira, 4, pode acompanhar uma discussão poética sobre a proximidade entre a vida e a morte.  A sessão tratou, de uma perspectiva médica e filosófica, do prolongamento da vida.

O cirurgião e biotanatólogo, Evaldo D’Assumpção, abriu a discussão refletindo sobre os anseios humanos em relação à finitude da vida. Segundo ele, esse é um tema complicado, mas que precisa ser discutido, principalmente pelos profissionais de saúde. “Para o médico a morte é confrontar-se com a própria fragilidade”, disse. O médico seguiu a apresentação explicando os cuidados necessários para lidar com um enfermo em fase terminal de sua doença, defendendo que a esses pacientes “é preciso proporcionar todo o bem possível, não o bem para o médico, ou para a família, mas sim o bem para a própria pessoa”.

Evaldo explicou os diferentes tipos de eutanásia, partindo da origem etimológica da palavra para o entendimento de seu significado. Tratando ainda do tema, questionou medidas extremas para prolongar a vida a qualquer custo, dizendo que na verdade são “formas de prolongar a morte”, e relatou histórias como a do médico Jack Kevorkian, que ficou conhecido como o Dr. Morte por sua luta para tornar o suicídio assistido um direito. Para concluir, enfatizou que tratar o paciente de forma humana, respeitando sua vontade, é a forma de garantir uma passagem tranqüila, sem sofrimento. “A morte ensina-me a valorizar a vida”, concluiu.

Padre Anísio Baldessin - web

Padre Anísio Baldessin, capelão do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Em seguida, o padre Anísio Baldessin, capelão do Hospital das Clínicas de São Paulo, destacou a importância do profissional de saúde conhecer e conversar com seu paciente para, assim, auxiliá-lo na tomada de decisões. Ele destaca que “muitas vezes é mais fácil dar um sedativo que estar com o paciente”, mas que é fundamental ao médico dispensar um cuidado humanitário, não tratando apenas a doença, mas também a pessoa.

Entrando na questão da eutanásia, o religioso reforçou a ideia de que é primordial respeitar a autonomia do enfermo, garantindo um final sem sofrimento, por meio de cuidados paliativos. Apresentando alguns casos, ilustrou o contraste de um tratamento puramente ético, em relação ao cuidado atencioso prestado ao paciente. Defendeu a importância do apoio familiar nesse momento delicado, assim como D’Assumpção, padre Anísio reafirmou que deve-se fazer o que é melhor para a pessoa doente e não para si próprio. Para encerrar, ele afirmou que “a morte é o acorde final desta sonata que é a vida.”

No encerramento, foi aberto um momento para que os participantes fizessem perguntas sobre os temas discutidos.

A conferência “Conflitos bioéticos sebre a morte e o morrer (eutanásia, distanásia e ortotanásia) integra o Eixo Transversal do 3º Congresso Nacional de Saúde, e foi presidida pelo Diretor da Faculdade de Medicina, gestão 2006-2014, Francisco José Penna.

3º Congresso
A programação do 3º Congresso Nacional da Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG reúne sete conferências, mais de 10 palestras e 40 mesas-redondas em torno do tema “Cenários da Saúde na Contemporaneidade”.

O Congresso vai até 5 de setembro, com atividades de 8h às 18h, diariamente, divididas em oito eixos temáticos. O Congresso conta ainda com programação cultural, com exibição de filmes, exposições, lançamento de livros e apresentações ao longo da programação.

A Secretaria executiva do 3º Congresso Nacional da Faculdade de Medicina da UFMG atende na sala Oswaldo Costa, 21, térreo da Unidade.

Acesse a programação completa.

Acesse a página eletrônica do 3º Congresso Nacional de Saúde.

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Mais informações: 3409 9105 ou 3409 8055, ou ainda pelo e-mail 3congresso@medicina.ufmg.br

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