Agora vai! Especialista dá dicas para cumprir as promessas de fim de ano

Começar um projeto que se encaixe na rotina é uma delas.


26 de dezembro de 2018


No final do ano, em que mais um ciclo se encerra, é natural que sentimentos de renovação ganhem força. Parar de fumar, ter hábitos e relacionamentos mais saudáveis… a expectativa é que o novo ciclo seja ainda melhor. No entanto, nem sempre promessas típicas de fim de ano serão cumpridas com a mesma facilidade com que foram planejadas. Isso porque transformá-las em algo concreto é um processo, muitas vezes, demorado. Mas, calma! O psicológico do Núcleo de Apoio Psicopedagógico aos Estudantes da Faculdade de Medicina (Napem), Gilmar Fidélis, traz algumas dicas para concretizá-las com maior sucesso.

Tempestade de ideias

Para concretizar as metas, é preciso pensar em situações que são compatíveis com a realidade e que são prioridades. Foto: Carol Morena.

A primeira delas é fazer um brainstorming. A técnica, que pode ser traduzida como tempestade de ideias, consiste em passar para o papel tudo aquilo que se deseja conquistar para melhor qualidade de vida. A viagem com a família, prática de atividades físicas… tudo mesmo, sem filtros. Feito isso, de acordo com o especialista, é hora de separar o que é uma idealização fantasiosa e o que realmente é compatível com a realidade.

“Não adianta fazer alguma coisa projetiva, mas que você não vai conseguir realizar. Em janeiro, período de férias, por exemplo, as pessoas começam uma estrutura de vida que não é exequível quando voltam a trabalhar”, orienta Gilmar.

Segundo filtro

Após a primeira triagem, sobram as situações que são compatíveis com a realidade. Mas ainda não terminou. Nesse grupo, ainda é possível filtrar mais. “É preciso estabelecer o que é prioritário para gerar mais qualidade de vida. Fazer exercício, por exemplo, pode ser prioritário, pois tem reflexos em outras áreas da vida, como a social, por aumentar o círculo de relacionamentos, ou no quesito trabalho, pois ficamos mais dispostos”, exemplifica o psicólogo do Napem.

E, não se preocupe se ficarem projetos para os próximos anos. Para Gilmar Fidélis, é importante trabalhar com planos a curto, médio e longo prazo. “É preciso pegar a lista e separar: esse é para este ano, aquele é para os próximos anos. Não é um pecado fazer isso. É, inclusive, muito importante, pois retira um pouco da carga do ano e torna o plano mais plausível”, comenta.

Missão impossível

Sair de um ponto que não está bom para um ponto ótimo, sem treinamento, é missão quase impossível. “Você pode até conseguir nos primeiros dias, mas não vai conseguir manter”, avalia Gilmar. Como não somos o James Bond, personagem de 007, a dica é construir um hábito e encaixar as novas atividades na rotina, para que não vire um sacrifício.

“Quando você está assistindo a uma série que gosta, o cérebro produz substâncias que trazem sensação de bem-estar. Se eu te falo para levantar e ir fazer uma corrida, sendo que você não tem esse hábito, não vai ter o mesmo tipo de recompensa, tanto psicologicamente quanto culturalmente”, explica o especialista.

Recompensa

Para que não se sinta mal o ano inteiro por não conseguir manter os planos, outra dica é reorganizar o sistema de recompensa do cérebro.

“O ser humano funciona com recompensa. Por isso, é preciso trilhar um caminho em que você seja recompensado. Se você tira alguma coisa, é preciso colocar outra que faça algum sentido para você. Por exemplo, na atividade física, você pode pensar qual o sentido aquilo tem para você. Racionalmente nós sabemos, mas é preciso entender o porquê de estar querendo aquilo”, comenta o psicólogo do Napem, Gilmar Fidélis.

Olhe para dentro

Por isso, não comece um projeto que não seja seu. As chances de fracasso são altas quando se faz algo porque está na moda ou pelo fato de outra pessoa estar fazendo.

“Tem que trabalhar em sintonia com o seu desejo. Na psicologia, trabalho com conceito de congruência. O que você faz é coerente com o que você fala, o que você fala é coerente com o que você pensa e o que você pensa e coerente com quem você é. Se a situação é congruente, ela pode ser executável e a chance de você transitar pelos seus projetos com mais vigor é muito grande”, propõe Gilmar.

Ele também orienta a buscar as realizações no próprio tempo. “Vai ter sempre alguém a frente da gente e alguém sempre estará atrás. Cada um tempo seu tempo e temos que olhar para dentro da gente”, conclui.