Calixcoca vence categoria de inovação tecnológica e agora concorre como Iniciativa Destaque do Prêmio Euro

Última etapa recebe votos até 3 de setembro e irá definir o vencedor do prêmio de 500 mil euros.


07 de agosto de 2023 - , ,


Foto: Faculdade de Medicina da UFMG.

A Calixcoca – pesquisa em desenvolvimento na Faculdade de Medicina da UFMG que busca uma vacina terapêutica para a dependência química – venceu a categoria Inovação Tecnológica Aplicada à Saúde do Prêmio Euro 2023 e agora concorre como Iniciativa Destaque. O vencedor dessa etapa receberá 500 mil euros.

O pesquisador responsável e professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina, Frederico Garcia, agradeceu a cada um que torceu, divulgou e votou na iniciativa. “Essa premiação poderá nos ajudar a avançar para a etapa clínica e a vencer algumas das barreiras que impedem a ciência brasileira de desenvolver novos medicamentos e soluções em saúde”, explica o professor

Doze projetos concorrem nessa última etapa da premiação. “Se você ficou com alguma dúvida sobre o projeto, gravamos um podcast para explicar mais detalhes”, reforça.

O Saúde com Ciência desta semana aborda detalhes da Calixcoca, como a história do desenvolvimento da molécula, os próximos passos da pesquisa e suas possíveis aplicações e implicações. O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.

Para votar no Prêmio Euro é necessário ser médico com registro em um dos 17 países com participação da farmacêutica financiadora da premiação. “Contamos com o apoio da comunidade médica para levar essa solução para o braço de quem precisa”, reforça o professor.

Clique aqui e vote na Calixcoca.

Calixcoca

Atualmente não existem tratamentos registrados em agências regulatórias para a dependência química em cocaína e crack. As alternativas disponíveis são comportamentais ou usam medicamentos com função sintomática, ou seja, que ajudam a tolerar a abstinência ou diminuir a impulsividade.

O medicamento desenvolvido na UFMG induz o sistema imune a produzir anticorpos que se ligam à cocaína na corrente sanguínea. Essa ligação transforma a droga numa molécula grande, que não passa pela barreira hematoencefálica. “Demonstramos a redução dos efeitos, o que sugere eficácia no tratamento da dependência. Pensamos em utilizar o fármaco para evitar recaídas em pacientes que estão em tratamento, dando mais tempo para eles reconstruírem sua vida sem a droga”, aponta o pesquisador.

Outra possibilidade de uso foi observada nos testes em ratas grávidas, que produziram níveis significativos de anticorpos “A vacina impediu a ação da droga sobre a placenta e o feto. Observamos menos complicações obstétricas, maior número de filhotes e maior peso do que as não vacinadas”, relata o professor Frederico.

Ele explica que uma vacina para a prevenção primária de transtornos mentais – como no caso da proteção aos fetos gerados por dependentes de cocaína grávidas que forem vacinadas – seria inédita na psiquiatria. A patente já foi depositada pela Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da UFMG.

A proposta visa enfrentar a dependência em cocaína e seus derivados, como o caso do crack, que é derivado da substância. O projeto já concluiu os testes pré-clínicos e busca financiamento para avançar até a etapa com humanos.

Prêmio Euro

O Prêmio Euro Inovação na Saúde reconhece grandes inovações da área médica e incentiva o desenvolvimento de soluções. A vacina anticocaína concorreu na categoria Inovação Tecnológica Aplicada em Saúde, sendo uma das vencedoras e, portanto, selecionada ao prêmio de Iniciativa Destaque.

Podem votar profissionais de medicina com registro ativo na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai, Peru, Equador, México, Colômbia, Guatemala, El Salvador, Nicarágua, Panamá, Costa Rica, Honduras ou República Dominicana.

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